500

07 de Abril de 2017
Neto Medeiros

Neto Medeiros

Não é fácil. Pode parecer, mas o desafio é imenso. Às vezes são muitas as pautas, às vezes minguadas, às vezes relevantes demais, polêmicas demais, pessoal demais, viajada demais...

Nesses mais de 10 anos tenho só que agradecer ao espaço e autonomia dado pelo O LIBERAL ao longo desta mais de uma década. Foram mais de 500 charges, nestes dez anos quase ininterruptos. Às vezes, mesmo se houvesse uma discordância ideológica, minha opinião, meu estilo, minha editoria, era preservada. Toda semana, o desafio de resumir acidamente o acontecimento do momento. Seja regional, nacional ou mundial, o ‘time’ da piada, sem ser óbvia, tentando ser sempre original, é um desafio que além de prazeroso, é delicioso! É enriquecedor, desafiador, e acima de tudo, minha maior escola esta experiência! Sou um privilegiado!

Claro que não acerto todas! Aliás, mais erro que acerto. Guardo a recordação da crítica mais áspera ao elogio mais sincero. Lembro de cada repercussão, cada compartilhamento, cada reconhecimento, cada opinião, cada sorriso ou aperto de mão. Emociono-me somente em lembrar de cada esbarrão pelas ladeiras históricas desta cidade monumento...

Por isso, só agradeço. À Deus, ao O LIBERAL, ao Paulo, à Paula, à Josi, Labybe e todxs da redação e distribuição. À todxs os leitores. À rádio Real que tanto foi parceira com o Geléia Real em muitos destes anos. Agradeço a cada um que me ajudou neste processo, que sugeriu, que sorriu, que não gostou, que compartilhou e que me ajudou neste processo doido que é viver. Sempre em frente...

Agradeço aos amigos que fiz e aqueles a quem eventualmente ofendi, no traço, no verso ou na fala, minhas sinceras desculpas. A vida é um processo de constante evolução...

Como agradecimento, estou a partir de hoje, celebrando estas mais de 500 charges, com uma série especial. Trata-se de “Monstros Contemporâneos”. Estes desenhos foram feitos e expostos exclusivamente em 2015 no GLTA e foi recorde de público naquele ano. Traços Cítricos recebeu ouro-pretanos, japoneses, franceses, brasileiros e italianos, e gente do mundo todo. A exposição, aliás, teve algumas das charges publicadas nesta década de colaboração.

Quem abre a série é um exemplar, infelizmente, muito presente hoje em dia, e que ficou bastante conhecido esta semana, mais evidente na encarnação do garanhão Mayer, um mix de ficção e realidade tosca. Tadinho, deve ter se confundido já que encarna o macho alfa na dramaturgia global há décadas. Este exemplar não esperava que agora, mexendo com uma, mexe com todas. Estará em extinção em breve. Espero que gostem, ou melhor, que odeiem.

Pra encerrar, deixo o texto do diretor e poeta Geuder Martins, meu amigo-irmão, sobre esta série. Ele, amigo de infância e desbravador de Vila Rica, foi o grande incentivador de minha aventura ouro-pretana:

Na série Monstros Contemporâneos, Neto Medeiros captura com seus traços contundentes, algumas das aberrações que ameaçam o convívio social.

Demônios capazes de perversas atrocidades. Criaturas medonhas, aterrorizantes e vorazes. Essas monstruosidades nascem nos pântanos da lógica opressora do poder. Algumas ainda de manifestações primitivas inconscientes ou de pura perversidade.

Das mais variadas espécies, apresentam-se monstros que são a variação mutante de heróis, lobos em pele de cordeiro, demônios que se dizem anjos, assassinos bárbaros e covardes. Outros são escamosos, travestidos, mutiladores de corpos e vontades. Há os replicadores de discursos de ódio, raivosos detentores de falsas verdades; os ladrões de sonhos, aproveitadores mercenários, ratos escrotos que corroem futuros. E ainda as almas perturbadas, desviadas. Assombrosos seres doentios, cruéis, sádicos, violentos e repulsivos.

Muito além das lendas, mitologias e ficções, esses monstros rondam as cidades, sobrevivem à contemporaneidade e vivem a espreita, escondidos em silêncios e sombras, muitas vezes disfarçados de virtudes. Revelá-los é enfrentá-los!

E nunca se esqueçam, LIBERTE SEUS OUVIDOS E SUA MENTE! Muito obrigado!

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