A aposta de Blaise Pascal

12 de Março de 2018
Geraldo Gomes

Geraldo Gomes

O coração tem razões que a própria razão desconhece, esta é uma grande verdade filosófica que virou enredo musical no samba Aos Pés da Santa Cruz de autoria de Marino Pinto, e, cantado por grandes expoentes da verdadeira música popular brasileira como Jair Rodrigues, Noite Ilustrada, João Gilberto e outros. Foi dito verdadeira música popular brasileira porque as músicas de hoje são verdadeiras afrontas à intelectualidade dos brasileiros, tendo em vista a imbecilidade de suas letras compostas sob os auspícios da doutrina Gramscista que assolou nossa nação nos últimos treze anos. Este número não é pura coincidência. O que poucos sabem é que o autor deste samba não é o formulador deste aforismo sobre as razões do coração. Este famoso aforismo foi dito no século XVII na França pelo célebre Filósofo Blaise Pascal.

Nascido em Clemont-Ferrand, França, em 1623, Blaise Pascal foi um grande Matemático, Físico e homem de ciências do século XVII. E, não se pode deixar de dizer que fora também um eminente Filósofo, tendo em vista a sua obra PENSAMENTOS, bem como um expoente Teólogo do seu país em sua época. Tendo ficado órfão de mãe em tenra idade, fora criado pelo seu pai que lhe transmitira sólidos princípios morais juntamente com importantes ensinamentos sobre História e Filosofia. Blaise Pascal pode ser considerado como alguém de inteligência prodigiosa, pois, aos onze anos, portanto uma criança, escreveu um importante tratado sobre os sons, baseado somente em experiências próprias. “Aos dezessete anos, para auxiliar a seu pai que era um procurador público e cuidava das arrecadações fiscais do governo e deveria fazer muitas contas, inventou uma máquina para fazer cálculos aritméticos a que chamou de Máquina Aritmética”. Esta foi a precursora de todas as máquinas de calcular mecanizadas usadas até o advento das calculadoras eletrônicas modernas. Seus biógrafos informam que a sua vida fora ocupada em grande parte por estudos dos cálculos e das ciências. Na Matemática concorreu expressivamente para o desenvolvimento da Teoria das Probabilidades e desenvolveu importantes tópicos do Cálculo Infinitesimal. Na área das ciências formulou o teorema que leva o seu nome, ou seja, o Teorema de Pascal, que diz: “O acréscimo de pressão exercido em um ponto em um líquido ideal em equilíbrio se transmite integralmente a todos os pontos desse líquido e às paredes do recipiente que o contém”. Este teorema foi publicado em Paris em 1640 e contribuiu para a grande evolução dos estudos da engenharia, no que concerne ao capítulo da Mecânica dos Fluidos. Foi aplicado intensamente no período da revolução industrial na Europa, e hoje, a maioria das máquinas em todo o mundo usufrui desta engenharia na construção dos pistons hidráulicos que as compõem. Quando se vê, por exemplo, em um posto de gasolina um carro suspenso sobre um ou dois êmbolos, para troca de óleo, ali está sendo usado um mecanismo cuja construção baseia-se no Teorema de Pascal.

Dentre os aforismos de cunho teológico de Pascal podem ser relembrados alguns que fazem todo sentido àqueles que crêem em Deus e em seus desígnios para o homem. Disse ele: “Existe um vazio com o formato de Deus no coração de todo homem”; “É justo que Deus, tão puro, se revela apenas aos que purificam o seu coração”; e, no tocante à razoabilidade da fé ele disse que normalmente os homens cometem dois excessos: primeiro, ao excluir razão; segundo, admitir apenas a razão. Em suas elucubrações filosóficas, ligando a teoria das probabilidades matemáticas á Teologia, formulou ele a propositura de um problema que ele mesmo chamou de aposta, tendo em vista que uma aposta tem tudo a ver com as probabilidades matemáticas, na maioria das circunstâncias.

A aposta de Blaise Pascal é uma dissertação argumentativa apologética em que ele defende a ideia de que há mais a ser ganho pela suposição e crença na existência de Deus do que na consideração da sua inexistência, ou seja, no ateísmo. Ele deduz ainda como conselho corolário de sua aposta que uma pessoa racional deveria pautar a sua existência como se Deus existisse. Como ninguém pode provar a existência de Deus bem como ninguém pode provar a sua inexistência, pois isto não é assunto resolvível em laboratório, Pascal formulou a sua aposta da seguinte maneira:

Se você acredita em Deus e estiver certo, você terá um ganho infinito;

se você acredita em Deus e estiver errado, você terá uma perda finita;

se você não acredita em Deus e estiver certo, você terá um ganho finito;

se você não acredita em Deus e estiver errado, você terá uma perda infinita.

A dedução lógica matemática implícita na aposta de Blaise Pascal é que melhor é crer em Deus do que desprezá-lo. A infinitude do ganho compensa a decisão de aceitar a existência de Deus, também, a possibilidade de uma perda infinita imprime na mente cautelosa a razoabilidade da vantagem de crer em Deus. Crer ou não crer sempre foi uma grande questão. Os homens prudentes procuram sempre ouvir e seguir os conselhos dos sábios. Sem dúvida, Blaise Pascal foi um grande sábio que legou à humanidade grandes ensinamentos. Aceitar o conselho de Pascal e decidir por crer em Deus é uma decisão que pode proporcionar à pessoa um ganho infinito que é representado pela salvação eterna da alma. Cada ser humano, queira ou não queira; saiba ou não tenha conhecimento, está diante desta encruzilhada proposta pela aposta de Blaise Pascal. Cabe a cada pessoa optar pelo que indicar a sua razão. As consequências serão inevitáveis e decorrentes de cada escolha.

Blaise Pascal deixou o palco existencial desta vida e entrou para a história em 1662 tendo legado um grande exemplo de vida para todos posteriores: mostrou que um grande homem de ciência ou um filósofo também pode ser um grande homem de Deus, como ele foi. Embora muitos filósofos e cientistas históricos ou atuais se alvoroçam no ateísmo, como Nietzsche que decretou a morte de Deus, o futuro mostrará para cada ser humano de forma única que Deus não joga dados, como afirmou Albert Einstein. Deus sabe o que faz e tem reservado para cada pessoa bênçãos infinitas ou maldições eternas decorrentes todas da atitude de cada ser humano frente à aposta de Blaise Pascal.

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