A força do perdão

10 de Fevereiro de 2014
Valdete Braga

Valdete Braga

Há muito não se via tanta repercussão com o final de uma novela, como aconteceu esta semana com a novela das nove da Globo, “Amor à vida”. Independente de a pessoa ser “noveleira” ou não, independente de quem assistiu desde o primeiro capítulo, começou no meio ou só assistiu aos capítulos finais, a novela mexeu com o telespectador como há muito não se via.

Lendo uma reportagem sobre o “fenômeno Félix” comecei a pensar o que poderia ter causado esta comoção nacional para com o personagem. Talvez “comoção nacional” seja exagero, mas estou me referindo ao contexto de quem assistiu à novela. O personagem do Mateus Solano foi controverso desde o início. O próprio autor da novela assume que ele deveria ser a princípio o grande vilão, mas devido ao carisma e excelente trabalho do ator, o personagem chegou a mudar o enredo da novela.

Mesmo quem não assiste, com certeza já viu ou ouviu falar do personagem. Frases hilárias atribuídas a ele saíram na internete, programas de outras emissoras falaram delas, enfim, dentro do contexto foi mesmo um fenômeno.

Faço parte do grupo que assiste de vez em quando, mas reconheço que durante a última semana não perdi um único capítulo. O último, nesta sexta feira, foi lindo, e a última cena, simplesmente maravilhosa, tanto pelo enredo quanto pela fotografia, que mais parecia filme e não novela.

Parei para pensar no assunto e cheguei a uma conclusão pessoal, mas que acredito é a de muitos outros telespectadores. A emoção que tomou conta das pessoas no último capítulo aconteceu exatamente pelo resgate do Félix com o pai. Rejeitado por uma vida inteira, ele não só se prôpos a ajudar o seu progenitor na hora da doença, como o fez com desvelo e carinho. O pai, por sua vez, após distribuir arrogância a novela inteira, aprendeu, em uma cadeira de rodas, a depender de alguém, não coincidentemente do filho que rejeitou.

Obviamente os outros personagens tiveram sua importância e as histórias que aconteceram paralelas à relação pai-filho também terminaram com o seu “final feliz”. Mas a dupla Félix-César marcou tanto devido ao resgate pelo perdão. Eles transcenderam o simples “final feliz”, onde “tudo termina bem”. O “eu te amo” entre ambos também foi lindo, mas todo o relacionamento conturbado, marcado por ofensas e repulsa do pai, ficou resolvido em duas palavras: “meu filho”. Pelo menos dos capítulos a que assisti, foi a primeira vez que estas duas palavras saíram da boca do personagem César, com relação ao filho. Ajudadas (e muito) pelas lágrimas do Félix, a cena transpirava o sentimento de perdão.

Não sou crítica de TV, mas para mim ficou claro que o público foi conquistado por isto: em duas palavras e muitas lágrimas, os personagens transmitiram o mais nobre (e difícil) sentimento. Quantas vezes já foi dito “eu te amo” em novelas? Mas este foi especial, pela carga de perdão que carregou. Muito emocionante.

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