A Região dos Inconfidentes ainda não explora o turismo

29 de Setembro de 2014
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

Mauro Werkema

Estatísticas oficiais revelam que 350 mil pessoas, entre as quais 158 mil estrangeiros, visitaram Minas Gerais durante a Copa do Mundo. Eram visitantes de mais de 40 países, de toda parte do mundo. E mais de 2.500 jornalistas de muitos países, entre os que vieram cobrir especificamente os seis jogos da Copa em Belo Horizonte e os chamados geralistas, que dão notícias da região, sua infraestrutura turística, atrativos naturais e culturais. É importante lembrar que Minas Gerais apareceu nos grandes veículos de comunicação de todo o mundo, sendo os jogos assistidos por cerca de 2,5 bilhões de pessoas. Esta é à força dos grandes eventos como a Copa do Mundo de Futebol como também as Olimpíadas, que ocorrerão este ano no Brasil, em 2016, no Rio de Janeiro, mas com algumas modalidades olímpicas e paraolímpicas também em Minas Gerais, que também sediará equipes internacionais, como a da Inglaterra.

Tudo isto mostra a força do turismo, especialmente do segmento de Turismo de Eventos e Negócios, que mobiliza 27% da movimentação financeira das viagens e que vence a sazonalidade do turismo tradicional, ocorrendo durante todo o ano. Hoje, todos os países e cidades buscam organizar-se para atrair visitantes em razão das resultantes socioeconômicas do turismo, grande incentivador da criação de empregos e geração de receitas por estimular o consumo rápido de bens e serviços de uma imensa rede, no transporte, na hotelaria, na gastronomia, no comércio de presentes e lembranças, no artesanato, na visita aos atrativos e produtos turísticos e em toda uma série e atividades indiretas. E, além disto, o turismo é civilizatório, troca experiências, incentiva intercâmbios, proporciona o diálogo e o conhecimento entre países, estados e regiões, especialmente o de eventos e os culturais.

Mariana, Ouro Preto e Itabirito encontram-se numa só rodovia, a BR-356, numa distância de 110 km, com inúmeros atrativos para o turismo. Estão a pouco mais de uma hora de viagem da Região Metropolitana de BH, hoje com quase cinco milhões de habitantes, que necessitam de lazer e entretenimento, estimulados pela facilidade de acesso propiciada pelo asfalto e pelo automóvel. Cidades históricas, com raro acervo patrimonial e artístico do Século XVIII, especialmente Ouro Preto com o título de Patrimônio Cultural da Humanidade (UNESCO/1980), Ouro Preto e Mariana são atrativos competitivos e diferenciados. Necessitam, no entanto, de melhor organizar seus serviços de receptivo turístico, de promover mais seus produtos, de elaborar roteiros integrados de visita, de oferecer pacotes diferenciados para atrair mais visitantes, de contar com guias e folheteria qualificados e muito mais. Na verdade, o turismo ainda é precário nestas duas cidades e qualquer pesquisa de opinião entre visitantes revelaria todas estas dificuldades.

Mas especialmente Mariana e Itabirito deveriam investir no turismo de eventos, construindo centros de convenções adequados. Mariana já implantou o seu, mas o mantém inconcluso e sem ação de captação de eventos adequada ao seu potencial. Itabirito, mais próxima de BH, que vai se tornando cidade industrial, também necessita de contar com equipamento adequado a eventos. O Centro de Convenções de Ouro Preto tornou-se mais um auditório local, que serve à UFOP e menos ao turismo, não realizando ações de captação de eventos que poderiam qualificar melhor, com resultados qualitativos e quantitativos à altura da singularidade do Centro. A Região dos Inconfidentes poderia atuar integradamente, na promoção e atração de eventos, culturais, empresariais, tecno-científicos, classistas e mesmo de lazer do fim de semana ou feridos prolongados.

A localização da Região dos Inconfidentes, a proximidade com vários grandes centros urbanos, incluindo o eixo Rio-São Paulo, o fácil acesso, os atrativos culturais, artísticos e da natureza, são diferenciais de competitividade que poderiam tornar a região um grande roteiro, a exemplo de muitos outros existentes no mundo. Mas falta visão, sentido de cooperação, atuação conjunta para reivindicar como, por exemplo, o aeroporto regional. E, assim, vão perdendo os grandes benefícios do turismo, atividade contemporânea desejada e almejada hoje por todo o mundo por sua grande capacidade de desenvolver cidades e regiões. Há uma semana, o diretor executivo da Organização Mundial de Turismo, Márcio Favilla, em palestra em BH, falou das condições excepcionais para o turismo de Minas, pela multiplicidade de atrativos, com destaque para a Região dos Inconfidentes. Mas, no entanto, a atividade ainda é explorada amadoristicamente na região.

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