Adágios populares

28 de Julho de 2017
Geraldo Gomes

Geraldo Gomes

Por um bom período de tempo na minha adolescência tive a felicidade de conviver com minha vó materna, a querida vovó Adélia, no povoado de Mostardas, distante doze quilômetros do centro urbano da cidade de Alvinópolis. Ela era Professora Rural e com seu trabalho diligente durante trinta anos alfabetizou centenas de jovens, filhos dos fazendeiros daquela localidade. Todos a tinham em alta consideração devido ao seu trabalho e seu altruísmo demonstrado em suas atitudes com seus alunos e familiares. Mas ela não era só uma professora, era também uma conselheira para as pessoas amigas que sempre a ela recorriam quando em momentos difíceis, precisavam de uma palavra de sabedoria para suportar resilientemente situações de adversidade. Como foi boa aquela convivência!, quantas coisas aprendi naquela época que foram e continuam sendo úteis para a minha vida!...

A vovó Adélia era uma destas pessoas afeitas a citações de provérbios populares que na maioria das vezes traduzem grande sabedoria para o nosso viver. Lembro-me de ouvi-la citar alguns destes adágios de seu vasto repertório. Quando alguém de seu convívio passava por algum momento conturbado de ordem espiritual ela sempre dizia: aguente firme, isto passa pois Deus dá o frio conforme a cobertura. Hoje, lendo a Bíblia Sagrada, pude averiguar a congruência de sentido deste provérbio com o que nos ensina o Apóstolo Paulo em sua Carta aos Coríntios quando diz: “não vos sobreveio nenhuma tentação, senão humana, mas Deus é fiel, o qual não deixará que sejais tentados acima do que podeis resistir, antes com a tentação dará também o meio de saída, para que a possais suportar.” (I Co 10:13).

Outro provérbio que permanece vivo em minhas lembranças das conversas com minha vó é de uso corrente hoje em dia, pois, quando alguém muito próximo de nós nos decepciona em alguma expectativa que temos em relação a esta pessoa, é muito comum ouvirmos de um amigo a nos consolar que as coisas são assim mesmo pois, “santo de casa não faz milagres”. Este é outro provérbio que a sabedoria popular soube adaptar das Sagradas Escrituras. Ao lermos nos evangelhos sobre a vida do Senhor Jesus nos deparamos com a passagem em que Ele volta, depois de ter sido batizado por João Batista no Rio Jordão, a Nazaré, cidade onde passará sua adolescência. Nesses dias Ele já fazia sinais e prodígios na Baixa Galiléia e em várias cidades curava os doentes do corpo e da alma. Morou aproximadamente dezoito meses às margens do mar da Galiléia, principalmente em Cafarnaun, vila de pescadores onde morava Pedro. Em algum momento, no início de seu ministério, Ele voltou a Nazaré para visitar sua família. Fazendo ali alguns milagres e sinais prodigiosos, e, pregando na sinagoga deles foi rechaçado e criticado por seus colegas de juventude, pois murmurando eles diziam: de onde vem todo este poder e esta sabedoria deste Jesus?, este não é o filho de José o carpinteiro, não se chama sua mãe Maria?... não vivem entre nós seus irmãos José, Tiago, Judas e Simão?... não vivem entre nós também todas as suas irmãs?... Esta parte da história de vida do Mestre Divino está registrada no Evangelho de Mateus, capítulo XIII, versículos 54 a 58. Diz o Texto Sagrado que Jesus, vendo o antagonismo e a incredulidade deles exclamou: “só em sua própria terra e em sua própria casa é que um profeta não tem honra”. Não realizou ali muitos sinais por causa da incredulidade deles, pois até os seus irmãos não criam n'Ele. Dizendo estas palavras voltou para a região do lago da Galiléia, onde continuou seu ministério.

Nem todos os adágios populares têm paralelismo bíblico. Muitos podem ter origem em grandes pensadores e filósofos do passado. No entanto cada um de nós deve analisar o que ouve ou lê para não cair na armadilha do engano. Palavras bonitas podem traduzir sentimentos que não agradam a Deus. Tudo que ouvimos ou lemos deve passar pelo crivo de uma acurada análise, para retermos o que é bom para nós e para nosso semelhante, e, para descartarmos o que é mau. Nisto consiste a sabedoria de vida de um ser humano, segundo os propósitos de Deus.

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