Alimento insólito

15 de Dezembro de 2017
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

Neste mundo, em havendo espaço para todos, também há para tudo e todo tipo de comportamento, daí a expressão popular: neste mundo há maluco para tudo! Das minhas lembranças de infância guardo o comportamento de um rapazinho adolescente e o pavor que ele causava por onde passava, durante sua breve residência na localidade. Se alguém nasce com destinação para o mal, para a destruição, para a maldade, ele foi um que nasceu. Sem quê nem pra quê, destruía o que encontrava, batia sem motivo em seus iguais, bem como nos que lhe eram inferiores em idade e compleição física. Da mesma forma, trucidava pequenos animais. Sua marca deixada foi a maldade! Mas se ele aprontava das suas e, por isso, causava medo, outro personagem causava o mesmo terror, sem nunca ter feito nada, com exceção de muita bravata, enquanto brandia uma foice, que sempre trazia consigo, assim como hoje todos trazem ou levam o celular. Por ter o hábito do porte da foice, ficou como conhecido como “Geraldo da Foice”. Residia, nas cercanias, não sei certo onde, mas ao se saber da presença do Geraldo da Foice, a rua se esvaziava; quem transitava procurava abrigo na casa mais próxima, assim como se fazia ao se ouvir informação sobre iminente passagem de boiada, coisa muito comum então.

A vida segue em frente e, de tempos em tempos, esbarra-se com essas figuras que fogem à rotina da maioria, cada qual a expressar sua marca pessoal. A internet trouxe o mundo para perto de cada um de nós e, consequentemente, expandiu-se nossa visão sobre a diversidade, que constitui a espécie humana, com todas suas qualidades e defeitos. Assim como nas ruas, veem-se, pela web, personagens que prendem a atenção por suas características peculiares, suas extravagâncias, seu jeito próprio de encarar a vida. Ainda há poucos dias, noticiou-se que uma mulher, italiana por sinal, havia se casado consigo própria, mediante todo o ritual que o ato comporta, incluindo-se recepção para centenas de convidados. Ela se exibe na web, vestida de noiva, tendo nas mãos o tradicional buquê! Entretanto, pesquisa revela que o fato não é isolado, mas uma tendência surgida entre solteiros e solteiras, que adotam a “sologamia” (palavra ainda não encontrada nos dicionários). Pergunta-se: é feito juramento ou declaração de fidelidade? Há que divorciar-se, se o(a) “sológamo(a)” decidir casar-se com outro(a)? São dúvidas ainda não dirimidas diante dessa maluquice do século; maluquice, verdadeiramente, de primeiro mundo!

Mas, celebridade maluca mesmo é o John McAfee, cujo nome é bastante conhecido pelos que zelam pela segurança de seu computador. Nascido de pai alcoólatra, do qual, juntamente com a mãe, sofria espancamentos, teve infância problemática, porém administrada por cérebro privilegiado (gênio), que o direcionou, desde cedo, para a criação, o empreendedorismo e a fortuna. Tornou-se brilhante PhD em Matemática; criou o primeiro antivírus (o McAfee), ao surgirem os primeiros vírus de computador; criou a empresa do mesmo nome que disseminou e popularizou software; integrou a equipe de programadores da NASA. Com todo seu talento e inteligência, envolveu-se também com drogas, no consumo, no tráfico e possivelmente na produção. steve sob a mira de uma arma, nas mãos de sua amante de 16 anos, que desistiu de puxar o gatilho, no último momento; chegou a ser procurado pela polícia sob suspeita de ter matado o vizinho, mas nada foi provado. Juntou dinheiro, muitos imóveis de luxo, automóveis, até um jatinho e, no campo amoroso, chegou a viver com cinco mulheres, simultaneamente. De repente, um dia desfez-se de tudo e foi morar no interior de Belize (pequeno país da América Central) em grande terreno por ele adquirido. Ali montou outros negócios, incluindo-se laboratório de pesquisa em microbiologia, em associação com uma cientista do ramo.

Mas, o homem, inteligente e rico, é também grande gerador de polêmica e confusão. Por isso, acabou sendo deportado de volta para os Estados Unidos. Consciente do que é e representa, John vendeu a um estúdio de Hollywood os direitos sobre a sua história, para que se produza um longa metragem sobre sua trajetória.

Contudo, antes que sua vida se torne filme, criou-se expectativa em torno de promessa por ele feita há poucos dias. A promessa gira em torno da criptomoeda, bitcoin, cujo valor evoluiu de 1mil dólares (janeiro/2017) para mais de 10 mil no início deste dezembro. Entusiasta e criador de tecnologias, John McAfee aposta firme no bitcoin e espera que a moeda digital domine os negócios em futuro bem próximo. Para não fugir de sua posição como homem polêmico, ele acaba de fazer uma promessa, para o caso de o bitcoin não alcançar o valor de 1 milhão de dólares, em três anos, ou seja, até dezembro de 2020. Ele afirma que comerá seu próprio “documento” masculino, diante de uma rede de televisão, se a marca não for alcançada conforme sua previsão. Resta saber, se o comerá acompanhado de brócolis ou sob a forma de “hot dog”, conforme sugere o insólito “recheio”!

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