Antes de tudo, falta educação

06 de Abril de 2018
Jornal O Liberal

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Noite de sexta-feira da Paixão sob romântica lua cheia, Largo do Rosário, Ouro Preto, multidão comprimida como sardinha, em lata, à espera da comovente solenidade anual em memória da Paixão de Cristo. Os mais próximos à boca da estreita rua, que liga o Rosário ao largo Cruz das Almas, percebem, entre assustados e indignados, que veículo desce por aquela via em direção ao local, onde, praticamente, toda a população católica local se concentra, irmanada com grande número de visitantes. Onde está a OUROTRANS? Para que serve a Guarda Municipal? Para que serve a polícia? Perguntava-se diante do inesperado avanço do veículo, em local e momento inconvenientes, uma vez que se tratava de evento público, inserido entre destaques nacionais do gênero, programado com longa antecedência e amplamente divulgado pela mídia. Se as mesmas pessoas, que perguntavam, tivessem subido a curta, estreita e íngreme ladeira, naquele momento, teriam visto que o ocorrido fora bem diferente do imaginado. Teriam visto uma cerca metálica, removível, armada a cercar o nada, num canto. Não se pode afirmar que foi retirada pelo primeiro condutor que desceu, mas o fato é que ela foi retirada de sua função, que era o impedimento à descida de veículos. É a cultura tupiniquim! Leis, regras e regulamentos são obedecidos sob coerção, representada pela presença do guarda, pois na falta deste, vale tudo, incluindo-se sabotagem ao seu trabalho. Em países educados nem há necessidade da barreira física, sendo bastante uma placa com proibição, inferindo-se daí, por quem a lê, que a transgressão possa causar, quiçá, um dano coletivo. Mas, no Brasil, o mais importante é fugir da multa, assim como o motoqueiro que, tendo o capacete pendurado pelo pulso, foi indagado porque ele não o colocava na cabeça. Respondeu que aquilo era uma bobagem, mas que seria colocado para passar diante do guarda. Ele levou a namorada ao ponto de ônibus e, no retorno, numa curva, bateu de frente com um caminhão. Quando, inutilmente, tentaram socorrê-lo, constataram que seu crânio fora partido no choque contra o asfalto. Mas, o capacete estava ileso, ainda pendurado no pulso!

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