Antônio Pereira

16 de Abril de 2012

Alex Bohrer

Nos fins do século XVII milhares de aventureiros afluíram aos territórios mineradores das Gerais. O rincão que viria a se transformar, anos depois, no Termo de Vila Rica foi dos que tiveram mineração mais intensa. Em poucos anos dezenas e dezenas de aglomerações pipocaram na região das lavras. Dentre estes primitivos povoados alguns se tornaram expressivos e célebres e, ao lado da Vila Rica, vários deles (cujo crescimento também era considerável) se destacaram naquele momento. Dentre estes cumpre frisar o Arraial de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Pereira, raro exemplo - entre estes principais núcleos afastados da Vila - em que o topônimo é lembrança direta aos primeiros povoadores.

Mas, quem era o homem Antônio Pereira? Vários historiadores estão de acordo que se trata de Antônio Pereira Machado, português, nascido na Freguesia de São João de Caldas, Termo da Vila de Guimaraens, Arcebispado de Braga. Este imigrante, dos muitos que de Portugal vieram na febre aurífera, foi certamente o descobridor e primeiro explorador da região que hoje leva seu nome. Todavia, devemos atentar para um fato muito provável: Antônio Pereira foi o descobridor das lavras, mas não o fundador do povoado. Analisando um manuscrito existente no Arquivo Eclesiástico de Mariana podemos traçar a trajetória do aventureiro cujo ano de aporte nas minas é desconhecido. Entre 1700 e 1701, fugindo da fome que grassava entre os mineradores, estabeleceu-se nas cercanias do atual distrito.

Assim narra o pesquisador Waldemar de Almeida Barbosa a saga do ilustre Pereira:

Ao lugar deu o nome de Bonfim do Mato Dentro; a tradição local conservou a ideia da existência de uma capela dedicada a N. Sra. do Bonfim. Desgostoso sobretudo com a abundância de animais ferozes, mudou-se para o arraial do Carmo, em 1703.

Esta mudança para o Arraial do Carmo (posteriormente Vila do Carmo e Cidade de Mariana) pelo inusitado medo de animais ferozes (!) se deu pouco tempo após o estabelecimento das lavras. Diz Salomão de Vasconcelos que o verdadeiro fundador do Arraial do Carmo foi Antônio Pereira que o encontrou, em 1703, exaurido de víveres. Anos depois, uma vez necessário, doou sua sesmaria quando da criação da Vila do Carmo em 1711. Vê-se que a Cidade de Mariana deve muito ao Antônio Pereira - ao distrito de Ouro Preto emprestou seu nome e à Mariana, suas terras.

Mas, e as posses abandonadas pelo Pereira ao pé da Serra de Timbopeba? Conforme o citado manuscrito da Arquidiocese de Mariana o arraial propriamente dito foi fundado pelo Pe. João Anhaia, Antônio Pompeu Taques, Pedro Frazão e Mateus Leme. Quiçá seja este Mateus Leme (conforme sugere alguns) o fundador da cidade de mesmo nome.