Choque de sentimentos: Carnaval e Quaresma

16 de Fevereiro de 2018
João de Carvalho

João de Carvalho

ESSES DOIS FATOS, unidos por uma porção mínima de cinzas na quarta feira, representam grande expressão da alma popular. Encerra-se o carnaval, de origem pagã, com a explosão da força da alma e do corpo, centrada na alegria daquela e na vibração multicolorida deste, pelas praças e avenidas de todas as cidades brasileiras. Carnaval é música, samba, fantasia, máscara e beleza física em expressão, em quatro dias de muita folia e descontração. O corpo conduz a alma, a alma enfeitiça o corpo. E, ambos, explodem em alegria e muita emoção. Feliz de quem soube brincar sem derrapar para o excesso, para o mal, para a dor, para o crime. Quem brincou bem seus males espantou.

A quaresma (quarenta dias) chegou para exaltar os tributos, os valores, as ações individuais e coletivas da força do espírito, da beleza da alma, das intenções do coração. As igrejas e capelas foram o grande e sagrado ambiente para a expansão da vontade de fazer o bem pessoal e social. Os templos estão revestidos de roxo, neste período quaresmal. Seis domingos antecedem à Páscoa.

NO ANTIGO TESTAMENTO, “a lembrança deste período está em Noé em sua arca vagando nas ondas por 40 dias e 40 noites de violenta tempestade purificadora do ser humano; está em Moisés que permanece por 40 dias e 40 noites no Monte Sinai para receber as Tábuas da Lei; está nos 40 anos de paz de Israel escrito no livro dos Juízes; está nos 40 dias que o profeta Elias gastou para chegar ao Monte Horeb; está nos 40 anos que duraram os reinados de Saul, Davi e Salomão; está nos 40 anos que o povo de Israel caminhou pelo deserto até chegar à terra prometida. No Novo Testamento, 40 dias de espera levaram José e Maria para então apresentar Jesus ao Senhor no Templo; está em Jesus que antes de iniciar a vida pública retirou-se para o deserto, durante 40 dias, em oração; está em Jesus ressuscitado instruindo seus discípulos antes de subir aos céus; está na comunidade católica, apostólica, romana, em oração retiros espirituais em templos sagrados, em comunidades orantes e penitentes” (Wikipédia).

EM SUMA: Há séculos estes dois acontecimentos – carnaval e quaresma – cujos conteúdos estão vivos na alma, no coração e nas comemorações populares, são respeitados e reunidos anualmente. Fiquem agora, com as sábias palavras do Papa Francisco: “Que fazer? Se porventura detectamos, no nosso íntimo e ao nosso derredor, os sinais acabados de descrever, saibamos que a par do remédio por vezes amargo da verdade, a igreja, nossa mãe e mestra, nos oferece, neste tempo de quaresma, o remédio da oração, da esmola e do jejum. Gostaria que minha voz ultrapassasse as fronteiras da igreja católica, alcançando a todos vós, homens e mulheres de boa vontade, abertos à escuta de Deus. Se vos aflige, como a nós, a difusão da iniquidade no mundo, se vos preocupa o gelo que paralisa os corações e a ação, se vedes esmorecer o sentido da humanidade comum, uni-vos a nós para invocar juntos a Deus para invocar, jejuar juntos e, juntamente conosco, dar o que puderdes para ajudar os irmãos. Na Divina Comédia, ao descrever o inferno, Dante Alighieri imagina o diabo sentado num trono de gelo; habita no gelo do amor sufocado. Interroguemo-nos então: Como se resfria o amor em nós? Quais são os sinais indicadores que o amor corre o risco de se apagar em nós?”.

(Acesse: leiturahobbyperfeito.blogspot.com.br)

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