Comunidade pede socorro contra som abusivo

05 de Outubro de 2012
Jornal O Liberal

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A “coisa” mais fede se nela se mexe, mas o que se teme agora não mais é fedentina, que chegou a níveis intoleráveis. Fermentada e sob pressão, pode explodir a qualquer momento e, aí, espalhar-se, envolvendo culpados e inocentes na massa fétida. Mas não se pode calar e deixar de agir, quando se trata da defesa dos direitos do cidadão e da preservação da cidadania, mesmo porque feder mais do que já fede é, praticamente, impossível. Levantem-se cidadãos de fato, que ainda acreditam na força do bem, e, solidários, abracem-se pelo direito de cada um, dentro da lei, contra a tirania do mais forte e a omissão dos que deveriam contê-la. Denúncia já se fez, é feita neste momento e continuará a ser feita, até que, espontaneamente, volte o bom senso ou se faça cumprir a lei, antes que tudo se perca por meio de presumível violência. A coisa fétida, neste caso, é a zoeira abusiva, descontrolada e manipulada em agressão à comunidade, vista passivamente pelas autoridades. Em edição, há dois ou três meses, nota neste espaço denunciou tal abuso, praticado, sistematicamente, em propriedade alugada para fins de semana, em Santo Antônio do Leite/Ouro Preto, mais precisamente no bairro Gouveia. Muitas reclamações foram feitas à Polícia Militar, à fiscalização do Código de Posturas e ao Ministério Público e, quando se pensava no restabelecimento do sossego, eis que a baderna se instala com tudo e contra todos, no último fim de semana. Toda a comunidade do Gouveia foi refém de agentes do barulho ensurdecedor, desde a tarde de sábado até as seis da manhã de domingo, deles não escapando octogenários e doentes, bem como trabalhadores que precisam descanso regular. Difícil foi conter o ímpeto de pessoas dispostas a dar resposta ao abuso por conta própria, depois do descaso sentido no acionamento do 190 e do serviço municipal de Posturas. Quem pouco se importou com o barulho em ocasiões anteriores, negando apoio a reclamante, desta feita pediu ajuda a quem desdenhara no passado. A passividade da comunidade em ocasiões anteriores foi tomada pelos infratores como aprovação à anarquia generalizada, agora instalada e reforçada pela participação de veículo sonorizado, volume aberto ao extremo, em campanha de candidato a vereador, que não honra o nome, homônimo do personagem bíblico, que deu sepultura ao corpo de Jesus. Considerados os apelos recebidos da comunidade, incluindo-se o de garota de apenas 11 anos, faixa etária tendente ao gosto pelo bulício mais exagerado e que considera barulho como sinal de festa, aquela população não parece viver em país dito civilizado e não ser parte de município qualificado entre os de mais alta educação. Depois do fato consumado, reunião de causador do desconforto e desassossego coletivos com a população afetada não passa de ação “cara-de-pau”, tentativa de cooptação dos humildes, em abuso de influência pública. O abuso do som em alto volume, seja em shows (até de responsabilidade do poder público) em veículos, repúblicas estudantis, campus universitário e em residências vem sendo denunciado, sistematicamente, mas parece que a população está a falar com cegos e surdos (?). Talvez aguardem possível tragédia para que, então, se manifestem com prisão e julgamento de vítima convertida em algoz pela incúria de uns e omissão de outros. Mas, fique claro desde já, a posição da opinião pública quanto àqueles que, tendo autoridade e poder para impor ordem e respeito, na preservação da tranquilidade pública, se mantêm omissos. Será exigido que também estes se sentem no banco dos réus.

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