Desistência e dor

25 de Maio de 2018
Valdete Braga

Valdete Braga

Ontem encontrei uma mensagem na internet que me fez parar e refletir e creio que pode ajudar outros a fazerem o mesmo. A mensagem diz “a gente não desiste porque quer. A gente desiste porque dói”.

Quantas vezes paramos de fazer alguma coisa, não porque não queremos mais, mas porque, pelos mais diversos motivos, aquilo começa a nos machucar? Quantas vezes precisamos desistir para evitar sofrimento maior? Pode ser um projeto, um trabalho, uma viagem... em casos mais extremos, até uma pessoa. Esta situação é mais complicada, mas existe.

Não falo em desistir na primeira nem segunda tentativas. Falo de uma avaliação sensata e muitas vezes muito difícil. Ninguém gosta de perder, e desistir é uma forma de perda. A gente tenta, insiste, procura mudar o que não está dando certo. Às vezes dá certo, às vezes não. É aí que entra a sensatez e o livre arbítrio.

Há pessoas que insistem e ignoram a dor. Estas optam por pagar o preço por não desistir. Outros não têm esta força. O que o pensamento deixa claro é que, no caso, não foi uma escolha e sim uma necessidade.

É muito difícil desistir de algo ou alguém pela dor. Mas até onde vale a pena continuar sofrendo? Seja um casamento que acaba e o casal não consegue assumir, seja uma viagem que não interessa mais e a pessoa vai assim mesmo porque já estava marcada, sejam outros tantos exemplos que poderiam serem dados, desistir, às vezes, mesmo que machuque, pode ser uma necessidade.

É difícil admitir. Mais difícil ainda aceitar. Ficamos procurando desculpas, tentando encontrar saídas, mas existem situações que simplesmente acontecem, independente de nossa vontade. Ciclos são encerrados, a despeito do nosso querer ou não. Procuramos respostas que nunca teremos, tentamos continuar quando já acabou, isto porque não queremos desistir. Ninguém gosta de desistir. “A gente não desiste porque quer. A gente desiste porque dói”. Perfeito este pensamento.

Fica a questão: o que é menos pior, insistir porque queremos e deixar doer ou desistir sem querer para não sentir dor? Interessante que se pensarmos em momentos que já vivemos ou talvez até estejamos vivendo, esta idéia pode envolver situações, pessoas, trabalho, relacionamentos... se colocada no contexto correto, ela serve para praticamente tudo na vida. Desistir? Continuar? Em teoria, a decisão é sempre nossa, mas na prática, o motivo da decisão pode não ter nada a ver com a nossa vontade.

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