Dores da Bela Vista

15 de Abril de 2014
Alex Bohrer

Alex Bohrer

Na lista dos pitorescos povoados abandonados que rodeiam Cachoeira está Dores da Bela Vista. O amante de passeios não pode deixar de dar uma passadinha por lá. De Cachoeira se sobe cerca de 10 km até o Trino (Estação Dom Bosco), depois se desce, por velha estrada de terra, mais 10 km rumo a Ouro Branco. De um alto, vê-se ao fundo a melancólica Capela de Nossa Senhora das Dores da Bela Vista. Ao redor, uma realmente ‘bela vista’ de vales e montanhas, campos e capoeiras. Antigamente Bela Vista teve uma rua com casas na ladeira da capela, mas hoje só há ruínas (casa mesmo, só uma aqui, outra acolá). Ao lado do templo, o pequeno e antigo cemitério de pedra guarda os moradores de outrora.

No alto da serra que rodeia a capela há uma grande e velha cruz de ferro marcando o lugar da morte trágica de um homem atingido por relâmpago. Dizem que é uma cruz mal assombrada. O certo é que tanto ela, a capelinha e as ruínas causam profunda impressão ao visitante, pequenas frente à paisagem montanhosa, testemunhas de outros tempos mais prósperos.

No século XIX Bela Vista estava à margem de um movimentado caminho e sua capela foi uma das muitas que se ergueram pelas estradas. O culto à Nossa Senhora das Dores foi introduzido em Minas ainda no século XVIII. A igreja mais antiga desta devoção é a de Cachoeira do Campo (1761), com suas imponentes paredes, suas pinturas e seu curioso piso. De Cachoeira, o culto espalhou-se por Minas. Nos caminhos poeirentos, frequentados por tropeiros, não demorou a aparecer várias ermidas dedicadas a esta Virgem, em lugares onde, antes, havia só ranchos de paragem. A capelinha das Dores da Bela Vista parece ser uma destas pequenas joias culturais que os tropeiros espalharam pelas montanhas de Minas.

Não confundir Bela Vista com Boa Vista. Boa Vista é uma antiquíssima passagem pertencente a Rodrigo Silva e que será abordada aqui em outro momento.

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