Ensaio de Manifesto em apoio aos Professores em greve

23 de Setembro de 2011
Jornal O Liberal

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Normandes Santana

Gente, os professores do Nosso País estão em greve... Há pouco tempo foram os Bombeiros do Rio de Janeiro... Antes ainda os funcionários de aeroportos.

Eu não vejo jogadores de futebol fazendo greve... Vamos fazer greve então diante dos jogos de quarta e domingo ou levar faixas de apoio aos professores para os estádios...

É sério, não é fanatismo ou idealismo. A greve de Professores não preocupa a sociedade, como ocorria no passado, não dá “IBOPE”, não há mais indignação. Se esta existe, tornou-se uma mosca sem asas.

Se Rousseau nascesse hoje no Brasil, seria relojoeiro como o pai. Se Voltaire nascesse no Brasil, seria um burguesinho (era aristocrático na França) a bater nos professores de escola particular; se Maquiavel nascesse no Brasil de hoje, não diria que o País precisa de leis e armas, mas de Samba e futebol, e um pouco de axé...

Se Mozart nascesse no Brasil de hoje, seria um compositor de funk de segunda (existe funk de Primeira?).

Se fosse Bach hoje, certamente não comporia “Jesus Alegria dos Homens”, talvez no máximo um hit gravado pela Mulher Melancia...

E se fosse Beethoven? Não teríamos a Quinta Sinfonia, mas um Créu em velocidade 5.

O que eu quero dizer é o seguinte: Há, no Brasil, pessoas que dariam boa vazão a seus talentos, se fossem educadas para tal.

Há muitos que se sobressaem, realmente, mas pensem, para um país de quase duzentos milhões de pessoas é muito pouco. A educação do Brasil está indo pelo ralo porque os Professores não são valorizados como pessoas, como educadores (termo errado, quem tem o dever de educar são os pais; o professor educa pelo exemplo) como profissionais dedicados. Muitos se destacam pelo esforço, pois também são limitados e mal formados devido falhas do sistema de ensino (vejam como torna-se um ciclo).

Quase quinze anos depois de sua partida, Renato Russo talvez devesse ser chamado de Renato, O Brasileiro; e ainda é ouvido no silêncio consciencial que promovemos para esconder as mazelas deste país, através de suas profecias:

“Vamos festejar a inveja, a intolerância a incompreensão (...)”
“Vamos celebrar a estupidez humana”
“Celebrar a juventude sem escolas”
“Vamos comemorar como idiotas, a cada fevereiro e feriado”
“O voto dos analfabetos”
“Vamos celebrar epidemias”
“É a festa da torcida campeã...”
“Vamos celebrar nossa bandeira”
“Vamos cantar juntos o hino nacional”
“Nosso descaso por educação”

É Perfeição, cantada pelo poeta, que não se esqueceu de dizer, em “Índios”, algo que nos acompanha desde o Descobrimento: “Nos deram espelhos, e vimos um mundo doente...”.

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