Essa minha burrice...

19 de Agosto de 2015

Valdete Braga

É inegável que a situação não anda bem. Até os defensores do indefensável já começam a admitir isto. Tudo está tão óbvio que mesmo os mais fanáticos defensores do Governo começam a entender que o país deixou de ser a terra da Alice em que acreditavam. Não vou aqui questionar se houve ou não melhoras, se “o povo agora come” (argumento que chega a ser cruel, vindo de alguns) se o governo é do PT ou do PSDB. Menos ainda vou entrar na disputa de quem é ou foi pior.

Governo nenhum, de partido político nenhum, é perfeito. Tampouco são só coisas ruins. Há benfeitorias e erros, em qualquer governo, de qualquer partido. Olhos fechados para o erro é que é o problema. Repetindo, de qualquer partido. Pessoas confundem democracia com abusos e liberdade de expressão com direito de ofender, seja o cargo, seja a pessoa que o ocupa. Quando alguém defende um governo sob a alegação de que “agora o povo come” está, consciente ou inconscientemente, dizendo que o povo só precisa comer. E a educação? Saúde? Lazer? Qualidade de vida? Etc, etc, etc... por outro lado, quando alguém acusa o governo sob alegação de que “a presidente é uma anta”, está demonstrando falta de respeito cívico e pessoal.

Ah, essa minha burrice... eu nunca me senti Alice no país das maravilhas, nem com PT, nem com PSDB, nem com partido nenhum. Eu jamais sairia defendendo atitudes, baseadas na sigla de quem a praticou. O certo é certo e o errado é errado. Só porque é meu partido tudo o que vem dele tem de ser certo, sem eu nem saber o que? “Dar comida” é suficiente? “Povo” precisa só de comer? Não, a situação não está boa, e assumir isto é o primeiro passo para melhorá-la. Enquanto defendermos a corrupção do meu partido e condenarmos a do outro, enquanto não colocarmos todos no mesmo nível de julgamento, nada vai melhorar, porque “o meu” sempre estará certo e “o outro” sempre estará errado.

Mas eu sou burra, fazer o que? Sou tão burra, que enxergo erros no PT e no PSDB e acertos no PT e no PSDB. E como se não bastasse, eu ainda me baseio em fatos, para dizer que a coisa não anda bem. Baseio-me no aumento do desemprego, nas empresas de pequeno porte fechando e nas de grande porte demitindo, na conta de luz estratosférica, nas compras do supermercado dobrando de uma hora para outra... quando digo que as coisas não vão bem, não estou pensando em coxinhas nem em petralhas, não estou chamando a presidente de anta, nem estou achando o máximo “pobre comer”. Digo que as coisas não vão bem pelo que vivencio no dia a dia. É burrice demais para uma pessoa só, coitada de mim. Não vou entender de política nunca.