Em minha infância, eu sempre ganhava uma boneca no Dia das Crianças. Em outras datas comemorativas, como aniversário, Natal ou Páscoa, os presentes variavam, mas o dia 12 de outubro era sagrado em família: Bonecas para as meninas e carrinhos para os meninos. As bonecas eram de plástico e os carrinhos também, com rodas duras. Nada de bonequinhas que falavam, andavam ou trocavam de peruca. Nada de ambulâncias com sirenes ou carrinhos de corridas incrementados. Era tudo o mais simples possível. Tanto pela dificuldade financeira dos meus pais, que tinham muitos filhos, como pela falta de opção na época, eram sempre as mesmas bonecas e os mesmos carrinhos. Nem por isto a felicidade era menor.
O mundo mudou, evoluiu, e o vertiginoso crescimento tecnológico contribuiu muito para isto. Como diz a música “Por brilho”, de autoria, salvo engano, do Mongol: “As coisas se transformam e isso não é bom nem mau”. O mundo se transformou, não necessariamente para piorar, mas para se adaptar. As pessoas estão diferentes. Muitos valores mudaram, e as crianças de hoje não são como as crianças de ontem. A minha afilhadinha de três anos pediu-me um “tábeti” como presente pelo dia das crianças. O priminho dela, de dois, “tecla” no celular da mãe, coloca no ouvido e fala “alô, papai”. Como nós, as crianças também estão em um novo mundo. Mas nunca devemos nos esquecer de que a inocência continua inerente a elas. Isso é do ser humano, a criança nasce pura, nenhuma tecnologia pode mudar isto.
Obviamente, não darei um tablet de presente a uma criança de três anos. Por outro lado, a boneca que darei a ela não será como as que eu ganhava. As bonecas e os carrinhos também evoluíram. São mais modernos, possuem muito mais recursos, etc. Mas continuam brinquedos. Continuam transmitindo inocência. Isso é o que importa neste dia. Que as crianças sejam crianças, ajam como tal e sejam tratadas como tal. Amadas, mimadas, e respeitadas em sua condição infantil.
Enquanto ainda conseguem preservar isto. Feliz Dia das Crianças!