Homem de Bem

01 de Outubro de 2011
Jarbas Lima Lemes

Jarbas Lima Lemes

Segundo Allan Kardec, na questão 918 de O Livro dos Espíritos e no capítulo XVII, item 3, de O Evangelho segundo o Espiritismo “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.

Se desejarmos sintetizar essa bela mensagem de Allan Kardec sobre o homem de bem, basta-nos refletir acerca do conteúdo desse primeiro parágrafo. Tudo o mais que vem a seguir decorre do que ele contém. Podemos mesmo afirmar que já a primeira frase traz a norma máxima da vida do homem de bem: o cumprimento da lei de justiça, de amor e de caridade.

Já lemos e ouvimos muitas vezes a recomendação de que o segredo da felicidade é contribuir para a felicidade alheia, mas infelizmente ainda trazemos enraizado em nosso íntimo o desejo de que nos façam felizes. Quantos lares são desfeitos em virtude da falta de fidelidade, jurada antes e no momento festivo das núpcias? E os maus exemplos que são presenciados pelos filhos, desde bem pequeninos? Vícios, conversas desrespeitosas sobre a vida alheia, discussões e até mesmo agressões são entraves à boa educação, que deve começar no lar.

Como se pode constatar, o cumprimento dessa lei em “sua maior pureza” não é fácil. Mas quando um único Espírito se ilumina, arrasta consigo uma multidão desejosa de seguir-lhe os passos. Na questão 919, desse livro, que trata sobre “o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal”, somos recomendados a seguir o conselho socrático do conhecimento de nós mesmos.

Santo Agostinho propõe fazer, ao final de cada dia, um exame de consciência. Se não faltara a algum dever, se ninguém lhe guardara mágoa.

O Espiritismo, afirma Santo Agostinho, em sua mensagem sobre o autoconhecimento (LE, q. 919a), foi-nos enviado justamente para, não só por meio dos fenômenos, como das instruções dos Espíritos elevados, nos dar a certeza da vida futura e nos assegurar a existência de Deus como nosso Pai, e de Jesus como nosso guia. O homem de bem “tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais”. (ESE, cap. XVII, item 3.) Esse homem “sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar”. Sem o conhecimento da reencarnação, que o Espiritismo nos trouxe, seria difícil aceitar “sem murmurar” todas as aparentes injustiças da matéria. Ele nos proporciona a “fé inabalável”.

O homem de bem,“possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça”. Essa é que é a verdadeira caridade, a que nos impulsiona para o bem, movidos pelo amor ao próximo, e que nos dá a certeza de que “viver bem é viver para o bem”.

Vive para o bem quem Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros, antes do seu próprio interesse.

Aqui recordamos a máxima escrita por Kardec (Op. cit., cap. XV, item 10) e confirmada pelo apóstolo Paulo, na mensagem final desse capítulo: “Fora da caridade não há salvação”.

O limite dos nossos direitos, dizem-nos os Espíritos superiores, termina exatamente onde ameaçamos os do nosso próximo. Por essas palavras finais, percebemos que ser homem de bem é um caminho longo a percorrer. Mas não devemos desanimar jamais, pois o mesmo caminho que percorre o bem também o faz a felicidade. Repetindo Allan Kardec, concluímos: Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.

Por Jorge Leite de Oliveira, Em Reformador Nº. 2190.

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