Humanos?

19 de Janeiro de 2014
Valdete Braga

Valdete Braga

Por mais que se fale em violência, necessidade de maior segurança, etc., diante das barbáries amplamente divulgadas durante a semana, não há como não voltar ao tema. Ficamos perplexos diante da TV ou da tela do computador, com as matérias divulgadas em jornais televisivos e pela internete. Confesso que sou covarde. Vídeos postados na internete não tenho coragem de abrir. A TV é mais seletiva, narra os fatos, mas não os mostra. Não há necessidade disto. Para que mostrar pessoas mutiladas, cenas animalescas, difíceis de acreditar que foram cometidas por seres humanos? Humanos? Sinceramente, tenho minhas dúvidas.

Não encontro palavras para definir: aterrador, desesperador, bárbaro, por mais que procure adjetivos, não consigo encontrar um que se encaixe nesta loucura que presenciamos esta semana. O mais triste disto tudo é pensar que não aconteceu só nesta semana, que não acontece só no Maranhão, tampouco só dentro dos presídios. É claro que os fatos ficaram muito mais expostos, devido à cobertura da mídia, mas vivemos em um país onde a violência atinge níveis estratosféricos. Muitos dirão que não é só no Brasil e eu concordo. Infelizmente o mundo está doente. Mas é aqui que nós vivemos, e precisamos olhar primeiro dentro de casa.

O que acontece com o ser humano? Como tantas pessoas podem dar pouco ou nenhum valor à vida? Mata-se um semelhante como se mata um mosquito. Mata-se por insignificâncias, o verbo matar banalizou-se tanto que muitos nem se espantam mais. É triste admitir, mas existem seres humanos (humanos?) sem recuperação sim. A tão falada “segunda chance” é válida, mas depois da segunda, terceira, quarta, décima, milésima, há de se parar e admitir que não tenha jeito. O discurso da ressocialização também é lindo, e, dependendo do indivíduo, válido também, mas como “ressocializar” quem desmembra um ser humano vivo? Quem esfaqueia repetidamente e ri? Quem degola? Talvez o tempo, a idade, nos torne mais frios, não sei. Mas há muito não acredito mais nesta utopia do “somos todos iguais”. Perante Deus, sim, mas neste mundinho terreno, a coisa é bem diferente.

Existem os que dizem que quem morreu era “da mesma laia” de quem matou. Não duvido. Mas não justifica. Não somos animais. Pelo menos muitos de nós não são. Somos humanos. Sentimos raiva, revolta, faz parte da nossa natureza. Acredito na segunda chance. Acredito que podemos sim, sermos todos iguais. Mas existe um limite para tudo. Há pessoas que matam e se recuperam. Nada justifica, mas é possível entender alguém que em um momento de desespero ou ódio dê um tiro em um indivíduo. Não se justifica, mas entende-se. Essa pessoa pode se recuperar, e, recuperada, a culpa será o seu maior algoz. Mas o que vimos nos noticiários é muito diferente. Continuo procurando adjetivos, mas não encontro.

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