Matar um leão por dia?

12 de Agosto de 2015
Priscilla Porto

Priscilla Porto

O ditado popular acima perde totalmente a riqueza de seu sentido figurado, no momento em que Cecil, um ícone e uma das maiores atrações do Parque Nacional do Zimbábue, morre caçado por um dentista norte-americano.

O fato, ocorrido no início de julho, em um país africano, onde a caça é permitida, mas não em locais de proteção ambiental, estarrece muita gente. Inclusive pessoas que não são tão ligadas a causas de defesa ecológica. Mas quem morreu não foi um leão qualquer, e sim um animal monitorado e pesquisado cientificamente. O que fez com que, mesmo depois de sua injusta caça e morte, ele se configurasse em um animal diferenciado.

Talvez, por isso, a ação teve reação e o fato se transfigurou em outro ditado. Não o de “olho por olho, dente por dente” (o que poderia até se adequar bem à profissão do matador). E sim, um ditado, talvez mais apropriado ao ato primitivo da morte do leão Cecil: “um dia da caça, outro do caçador”.

E parece ser isso que as pessoas que se comoveram e se indignaram com a morte estúpida do animal - que não é indefeso, e que mete até muito medo na gente - anseiem: mais do que justiça, dignidade e benevolência! Afinal de contas, que estupidez uma pessoa, só por ser humano e ser um animal racional achar que tem o direito de matar um animal irracional apenas por vaidade e para levar sua cabeça como troféu pra casa. E ainda exibir o “grande” feito na internet, para o mundo inteiro.

Coisa de era pré-histórica! Aff!

*Autora dos livros “As verdades que as mulheres não contam” e “Para alguém que amo – Mensagens para uma pessoa especial”.

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