No chuveiro, cantemos!

05 de Janeiro de 2018
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

A cabeça pensante é prodigiosa na produção de ideias, simples, práticas e de aplicação imediata, que muito ajudam no dia-a-dia de cada um. Veja o prendedor de roupas, por exemplo, nem sempre utilizado de acordo com a ideia original, mas mesmo assim, de mil e uma utilidades, fora do prosaico varal. Basta dar uma corrida d’olhos no Youtube, para apreciar e aprender com a criatividade das pessoas em torno do prendedor de roupas. Faz-se quase de tudo com o pequeno instrumento, desde que a cabeça esteja consciente de seu uso, além de servir para cultivar cabelo e criar piolhos!

Embora alguns não concordem, a área de serviços foi enriquecida e o público consumidor muito ganhou com adoção, pelos restaurantes, do sistema de autosserviço (self-service) com ou sem balança. O serviço à la carte continua a existir, porém destinado a um público e momentos especiais. São pessoas que querem um atendimento personalizado e mais refinado, como também podem ser momentos especiais, comemorativos, íntimos ou de grupos, que requerem locais e serviços também especiais. Quem vai ao restaurante só para se alimentar libertou-se das regras que prolongam sua permanência dentro do estabelecimento. Ao invés de solicitar o serviço do garçom e aguardar o preparo da comida, o novo consumidor encontra tudo pronto e disponibilizado para sua escolha; nada da espera interminável, a beliscar fatias de pão, a um custo bem superior ao do autosserviço. Em algumas casas, o serviço, mal administrado, ou composto de profissionais ineficientes, transformava a espera numa tortura; quando se pensava estar para ser atendido, o garçom se encaminhava para mesa de cliente mais recente que nós no recinto. Acontecia de o cliente aborrecer-se e sair em busca de outro local.

O autosserviço, sistema rápido, prático e mais barato, democratizou o acesso, permitindo que mais pessoas recorram ao restaurante, na hora de se alimentar. Isso facilitou a expansão do número de restaurantes e, consequentemente, a abertura de mais empregos. Hoje, aos domingos, as famílias podem dar um descanso às donas de casa e se reunir no restaurante, transformando o momento numa pequena festa. Esta é, sem dúvida, uma das excelentes ideias, que vieram para ajudar e descomplicar a vida.

Mas há o reverso da medalha. De vez em quando, pintam ideias nem tão boas, de utilidade duvidosa, não validadas pelo público; não que lhes tenham faltado boas intenções na criação, mas por não terem sido previstas suas consequências. Está na memória de todos, o que provocou uma serpentina metálica, no carnaval de 2011, em pequena cidade do sul mineiro. Os que a criaram não previram o perigo de seu contato com a rede elétrica e, em sequência, com o ser humano. Isso custou a vida de quinze pessoas que, direta ou indiretamente, tiveram contato com a fita, energizada ao ser lançada por cima da rede elétrica. Foi um saldo trágico demais para o uso de um material, aparentemente, inofensivo!

Da Suécia, está para ser lançada no Brasil a “Shower beer”, cerveja para ser tomada durante o banho de chuveiro; isso mesmo! Que me perdoem cervejeiros(as) (consumidores e produtores), mas é uma ideia bastante estúpida! Não dava para sair da área dos jericos e bolar ideia menos tenebrosa? Embora alguns considerem a cozinha, o banheiro é, de fato e por natureza, a parte mais perigosa da casa. Dados estatísticos atestam isso. O piso liso e molhado mais o sabão, que pode estar dissolvido nos mesmos restos de água, são fatores que contribuem para maior risco de acidentes. Acrescente-se que, devido a eventual presença de vapor, pessoas com deficiência visual ficam mais vulneráveis. Se quiser perigo, vê-se que nada mais precisa acrescentar. Para ajudar na segurança, aconselha-se, então, a fixação de barras horizontais nas paredes, a servir de apoio ao usuário.

Imagine-se agora uma pessoa, portando garrafa de vidro e a encher a cara no mesmo local. E olhe que a Shower Beer tem teor alcoólico bem acima das cervejas comuns! Só louco e quem despreza a própria vida não pensa na possibilidade de grave acidente! O momento, debaixo da chuveirada, é para se limpar o corpo e a mente (a mente também, por que não?) das caracas. Por que não cantar, como fazem muitos? Quem canta enquanto se banha faz higiene mental, ou, quem canta seus males espanta! É dito também que cantar é rezar duas vezes. Cantemos, pois!

Quanto à cerveja, moderadamente consumida, é bebida de caráter social, para ser apreciada, em pleno relax, de preferência, tendo em volta grupo de amigos(as). Não é para ser sugada, egoisticamente, em isolamento! Não embarquemos em mais essa onda vinda do estrangeiro. Portanto, no chuveiro, nada de beber! Vamos cantar!

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook