O cruzeiro de pedra de Cachoeira do Campo

03 de Novembro de 2013
Alex Bohrer

Alex Bohrer

Figurando o centro da Praça da Matriz, o Cruzeiro de Pedra, como simplesmente é conhecido, rouba o olhar do transeunte que, curioso ou não, sempre quer saber o que aquele velho bloco de pedra significa. Analisando o estilo da obra, supõe-se que deve ter sido construído no primeiro quartel do século XVIII. Vicente Racioppi, em conformidade com o estilo, sugeriu uma data entre 1709 e 1720, anos que medeiam a Guerra dos Emboabas e a Sedição de Filipe dos Santos, episódios que – segundo as lendas – devem estar ligados à sua construção.

Trata-se de uma grande estrutura de pedra assentada numa base quadrangular formada por quatro degraus (um dos quais se acha soterrado sob o calçamento moderno). Na parte inferior do cruzeiro estão alguns vocábulos e vários instrumentos relativos ao martírio de Cristo (dois flagelos, coroa de espinhos, coluna, cravos, martelo, torquês, um cálice, um cetro, uma lança, uma cana – razão pela qual esse tipo de criação é chamada de ‘cruz dos martírios’). Na parte superior, o dístico INRI (Jesus Nazareno, Rei dos Judeus) arremata a obra. Sobre a inscrição principal, que atualmente mal se pode ler, diz Pe. Afonso que aí está escrito: “Senhor Salvai o Povo Que Remiste, Ecce Homo. A Vossa Cruz Adoramos Senhor, Recordamos Vossa Paixão. 1799”.

Uma velha tradição afirma que este marco foi erguido em lembrança da prisão de Filipe dos Santos, a pedido de sua família. Há, porém, algumas outras versões – tão antigas e obscuras quanto. Poderia o cruzeiro ser a base tumular do primeiro morador, Manuel de Mello, ou ser um monumento comemorativo da Guerra dos Emboabas? Somente a descoberta de algum dado novo poderá dizer o real motivo da edificação dessa misteriosa cruz.

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