O Espiritismo e a Homossexualidade III

16 de Agosto de 2012
Jarbas Lima Lemes

Jarbas Lima Lemes

Segundo Freud, existem casos de homossexualidade desenvolvida exclusivamente pela educação na infância, o que não significa que seja passível de reversão ou que haja necessidade disso. Segundo o Conselho Federal de Psicologia a identidade e a orientação sexual estruturadas na infância não são passíveis de reversão, e a homossexualidade não é uma condição que necessite reversão, já que não é uma doença e muito menos um desvio moral. Porém, na visão espírita, os benfeitores espirituais nos informam que o espírito, ao reencarnar, já escolhe a natureza de suas provas e as condições familiares sociais e pessoais necessárias ao seu progresso, conforme sua consciência indique a necessidade de reparação dos equívocos do passado e de melhoramento pessoal. Em outras situações, quando o espírito não se encontra maduro para definir suas provas, elas são estabelecidas por orientadores evolutivos, mas, ainda assim, são definidas previamente à reencarnação. Assim, a família, o corpo que a pessoa tem e os principais pontos da existência já estão definidos para patrocinar as condições necessárias ao progresso do indivíduo. Além disso, o espírito traz impressos em si o fruto de suas escolhas, o resultado de suas experiências passadas, em seu psiquismo e no corpo espiritual, a determinar a identidade e a orientação sexual da presente encarnação.

Muitos consideram a abstinência como uma recomendação educativa no caso da homossexualidade. Abstinência não representa educação do desejo e da prática sexual. Contudo, pode ser uma etapa necessária em certos casos, para a disciplina dos impulsos íntimos, de heterossexuais e homossexuais, quando se percebam necessitados de controle do desejo e da prática sem limites. Também pode acontecer que tenham a condição de abstinência imposta pela misericórdia divina como recurso emergencial de salvação perante circunstâncias de abusos reiterados nessa área.

Diz Ermance Dufaux, no livro Unidos para o Amor: “Abstinência nem sempre é solução e pode ser apenas uma medida disciplinar sem que, necessariamente, signifique um ato educativo. Por educar devemos entender, sobretudo, a desenvoltura de qualidades íntimas capazes de nos habilitar ao trato moral seguro e proveitoso com a vida. A questão da sexualidade é pessoal, intransferível, consciencial e a ética nesse campo passa por muitas e muitas adequações.”

O Espiritismo recomenda a todas as criaturas a conscientização a respeito da sacralidade do corpo físico e da sexualidade, como fonte criativa e criadora, destinada a ser fonte de prazer físico e espiritual, sobretudo de realização íntima para o ser humano, em todas as suas formas de expressão.

Sintetiza Emmanuel, na introdução do livro Vida e Sexo: “em torno do sexo, será justo sintetizarmos todas as digressões nas normas seguintes: Não proibição, mas educação. Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo. Não indisciplina, mas controle. Não impulso livre, mas responsabilidade. Fora disso, é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência. Sem isso, será enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra da sublimação pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos da reencarnação, porque a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de cada um”.

Por Andrei Moreira, em Café com Letras de 15/09/2010.

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