O século XX em Ouro Preto

30 de Setembro de 2013
Alex Bohrer

Alex Bohrer

Amanhece o século XX e Ouro Preto – a velha Vila Rica, de passado faustoso e cultura pródiga – já não é mais capital das Minas Gerais. Findo o período da exploração aurífera e o Império, amargurava a cidade a nostalgia de tempos mais prósperos e florescentes. Estava Ouro Preto fadada ao esquecimento? Não! Nosso passado era por demais marcante para deixar patrimônio tão vasto passar desapercebido. Coube novamente aos paulistas – desta vez aqueles modernistas de 1922 – a “redescoberta” de Ouro Preto. Procuravam, naquele momento, o reavivamento da Memória Nacional, o encontro de uma cultura e arte de caráter brasileiro ou nacionalizante. E é nas Gerais que irão achar a inspiração para esse encontro: o Barroco Mineiro será a tônica das discussões...

É claro que Ouro Preto nunca esteve abandonada ou esquecida: sua fama ainda era lendária e nativos mineiros ainda propagavam nossa história (como Diogo de Vasconcelos). Todavia, coube aos modernistas a difusão nacional (e internacional) da cultura artística mineira. Mas também é bem verdade que Ouro Preto nunca foi uma cidade morta (à semelhança daquelas descritas por Monteiro Lobato). O próprio Manuel Bandeira lhe chama de viva, vigorosa – pitoresca em cada viela, panorâmica em cada rua. Enfim, a partir dos modernistas estava inaugurado, a bem dizer, mais um período da nossa história: o período dos turistas, na atual acepção da palavra.

O patrimônio de Ouro Preto, redescoberto e então em voga, foi prontamente reconhecido pelos dirigentes da época: em 1931 o prefeito João Veloso promulga lei impedindo a descaracterização do casario colonial da cidade. Em 1933 o governo do presidente Getúlio Vargas eleva Ouro Preto a Cidade Monumento Nacional. Em 1938 o conjunto urbano foi tombado pelo instituto que hoje constitui o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Seguindo a onda de revalorização histórica, em 1944 é criado o Museu da Inconfidência. Por aquela época escritores como Augusto de Lima Júnior apregoavam nossa história através de textos e livros. No campo educacional dão projeção à cidade a criação, em 1944, da Escola Técnica Federal, e, em 1969, da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). Em 1980 a cidade é declarada Patrimônio Cultural da Humanidade.

E é desta forma que nasceu a Ouro Preto de hoje, irrequieta e dinâmica, cheia daqueles ares do passado que tanto impressionam os turistas. Suas montanhas ainda produzem inestimáveis riquezas minerais, como o ferro e o topázio imperial. O ouro, todavia, ficou no passado: preservou-se nas igrejas mineiras e nos palácios portugueses ou esvaiu-se nas chaminés das indústrias inglesas. Ouro, montanhas, riquezas, patrimônio: esses são os componentes da bem sucedida e famosa história de Vila Rica!

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