Os dois são ladrões, o receptador e o gatuno

02 de Abril de 2015
João de Carvalho

João de Carvalho

QUEM afirmou isto foi Phocylides, poeta do século VI a.C, em Epigramas Morais. Na verdade não haveria ladrão se não houvesse quem adquirisse os frutos da gatunagem. Esta definição, digna dos Códigos Penais e Processuais modernos, faz parte dos larápios operadores das mais violentas façanhas dos crimes patrimoniais de hoje. As vítimas atuais são o testemunho inconteste desta afirmação.

  • QUE DIGAM os infelizes caminhoneiros, transportadores de mercadorias de valor, nas perigosas, solitárias e distantes rodovias de nosso imenso país.

  • Que digam nossos lojistas, nas grandes metrópoles, alvos diários de assaltos e furtos de seus estabelecimentos.

  • Que digam os passageiros de ônibus noturnos, em longas e desertas viagens, quando assaltados por bandidos disfarçados de passageiros.

  • Que digam nossos comerciantes de quase todas as alas, roubados durante o dia, em seus pequenos ou grandes estabelecimentos, por jovens (menores ou não), apenas disfarçados por um simples boné.

  • Que digam nossos gerentes de banco, cujos cofres são arrasados, à força de poderosas dinamites.

  • Que digam nossos párocos, de cujas igrejas são roubadas imagens de santos ou objetos de valores históricos.

  • Que digam centenas de mulheres e homens vítimas de trombadinhas, nas esquinas, ruas ou avenidas das grandes metrópoles.

  • Que digam os sacadores de valores monetários em agências bancárias, vítimas das ‘saidinhas’ de Bancos.

  • Que digam as vítimas de falsários, estelionatários que usam do engodo pessoal ou eletrônico-digital para propor falsos negócios a pessoas inocentes, idosas, necessitadas e facilmente sugestionáveis.

  • Que digam todos que creem nas pessoas desconhecidas, engravatadas, de colarinhos brancos, travestidos de falsa personalidade, cujo objetivo é aproveitar da confiança alheia.

ENFIM, o mau e habitual exemplo dos vergonhosos mensalões e golpistas da Petrobrás, e outras falcatruas com o dinheiro público, cujas condenações, cujas penas se revertem, aos poucos, mas constantemente, em prisões domiciliares. Onde está e como recuperar o fabuloso prejuízo monetário, fruto da roubalheira julgada e condenada pelo Supremo Tribunal Federal? Este é o desafio, quiçá impossível de retorno, porque desapareceram nos paraísos fiscais ou diluíram em aquisições milionárias, em nome de laranjas desconhecidas ou esquecidas. Resta a verdade milenar: Gatuno e receptador, ambos são Ladrões.

ANNE FRANK, em seu diário, aos 13 de Janeiro de 1943 escreveu sobre os saqueadores: “Há coisas terríveis acontecendo lá fora. Dia e noite, a qualquer hora, pobres pessoas indefesas são arrastadas para fora de suas casas. Elas só podem levar uma sacola e um pouco de dinheiro, e mesmo assim, são roubadas no caminho.”

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