Para Pensar

08 de Abril de 2014
Valdete Braga

Valdete Braga

Perto de Tóquio vivia um grande samurai idoso que se dedicava a ensinar o zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ele ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo e aumentar sua fama.

Todos os estudantes se manifestaram contra a ideia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais. Durante horas fez de tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o guerreiro retirou-se.

Desapontados pelo fato do mestre aceitar tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram:

– Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?

– Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? – Perguntou o mestre aos alunos.

– A quem tentou entregá-lo – respondeu um dos discípulos.

Sorrindo, o mestre explicou:

– O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo. A sua paz interior depende exclusivamente de você. Ninguém pode lhe tirar a calma se você não permitir.

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook