Para Pensar

04 de Fevereiro de 2014
Valdete Braga

Valdete Braga

Um samurai, conhecido por todos pela sua nobreza e honestidade, procurou um monge em busca de conselhos. Entretanto, assim que entrou no templo onde o mestre rezava, sentiu-se inferior, e concluiu que, apesar de toda a sua vida ter lutado por justiça e paz, não tinha sequer chegado perto do estado de graça do homem que tinha à sua frente.

– Por que razão me sinto tão inferior? Já enfrentei a morte muitas vezes, defendi os mais fracos, sei que não tenho nada do que me envergonhar. Entretanto, ao ver o mestre meditar, sinto que a minha vida não tem a menor importância.

O bondoso monge respondeu:

– Espere. Assim que eu tiver atendido a todos os que me procurarem hoje, eu dou-te a resposta. Durante o resto do dia o samurai ficou sentado no jardim do templo, a olhar para as pessoas que entravam e saíam à procura de conselhos. Viu como o monge atendia a todos com a mesma paciência e com o mesmo sorriso luminoso no seu rosto. Mas o seu estado de ânimo ficava cada vez pior, pois tinha nascido para agir, não para esperar. De noite, quando todos já tinham partido, ele insistiu:

– Agora podes ensinar-me?

O mestre pediu que ele entrasse e conduziu-o até o seu quarto. A lua cheia brilhava no céu, e todo o ambiente inspirava uma profunda tranquilidade.

– Estás a ver esta lua, como ela é linda? Ela vai cruzar todo o firmamento, e amanhã o sol tornará de novo a brilhar. Só que a luz do sol é muito mais forte, e consegue mostrar os detalhes da paisagem que temos à nossa frente: árvores, montanhas, nuvens. Tenho contemplado os dois durante anos, e nunca escutei a lua dizer: por que não tenho o mesmo brilho do sol? Será que sou inferior a ele?

– Claro que não – respondeu o samurai – Lua e sol são coisas diferentes, e cada um tem sua própria beleza. Não podemos comparar os dois.

– Então tu sabes a resposta. Somos duas pessoas diferentes, cada qual a lutar à sua maneira por aquilo em que acredita, e a fazer o possível para tornar este mundo melhor; o resto são apenas aparências.

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