Quanto é?

22 de Setembro de 2013
Valdete Braga

Valdete Braga

Não faço a menor idéia de como deve ter começado. Poderia ser uma resposta, ou simplesmente pirraça, mas é de se admirar a criatividade de algumas pessoas. Eu estava na fila do caixa do supermercado e a moça em minha frente não tinha nenhuma compra nas mãos. Não teria reparado nisto, se não fosse o diálogo que se seguiu:

– Quanto é a sacolinha para colocar as compras?

– Vinte centavos.

– Vou levar dez – disse a moça enquanto colocava uma nota de dois reais em cima do balcão.

– As sacolas não estão à venda.

– Como não? Você não disse que custam vinte centavos?

– Mas você não pode comprar a sacola sozinha.

– Como eu não posso comprar, se você até me disse quanto custa?

A estas alturas eu já havia me interessado pelo diálogo e fiquei prestando atenção, curiosa em como aquilo iria terminar. A atendente começava a perder a paciência e a moça à minha frente mantinha aquela calma de quem já chegou preparada para a situação. Ela insistiu:

– Outro dia estive aqui e precisei comprar, além do material, três sacolinhas de plástico, muito furrecas (palavras dela) para levar as compras para casa. Hoje quero me prevenir e já levar as sacolas para quando precisar fazer mais compras.

– A senhora (já virou senhora, a atrevida) pode trazer uma sacola de casa quando vier fazer as suas compras – disse a atendente, já visivelmente irritada, enquanto a fila aumentava atrás de nós.

– Eu não tenho sacola em casa. Quero levar estas para colocar na bolsa e ficar preparada quando precisar comprar alguma coisa. – A senhora está atrasando as pessoas.

– Mas eu só quero comprar as sacolas e vou embora. Aqui está o dinheiro.

Um senhor, possivelmente gerente ou proprietário do supermercado, chegou e saiu conversando com a compradora, que insistia em levar as sacolas. Passei as minhas compras, paguei-as junto com as sacolinhas recicláveis e saí sem saber como terminou a história.

Pensando no acontecido, vejo que ambos os lados têm razão. A funcionária do supermercado estava apenas cumprindo a sua função. Por outro lado, o raciocínio da compradora também não estava errado. Eu nunca pensaria nisto, mas os argumentos dela são muito válidos: se um objeto tem um preço, pressupõe-se que se pode comprá-lo. A lei da obrigatoriedade das sacolas recicláveis é louvável, mas acho questionável que os donos dos supermercados as comercializem. Elas têm custo? Claro que sim, todos sabem disto. Mas não será este custo já repassado ao preço do material de consumo? Alguns comércios cobram, outros não. No caso em questão, pelo que percebi, a moça já chegou ao caixa preparada, dando a impressão de que já deveria ter tido algum problema com relação ao tema. Pode ser que seja só impressão, pode ser que não. Mas que foi divertido, isso foi.

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