Quase

13 de Abril de 2015
Priscilla Porto

Priscilla Porto

Quase derramei o leite. Ou quase não deixei o leite derramar.

E adianta chorar sobre o leite derramado?

Quase liguei pra ele. Quase ligou pra ela. Mas, se foi quase, não havia como ninguém atender. E olha que “o número chamado existe” e, além disso, o número que você nem ligou, “estava recebendo ligações”.

Quase lhe disse que “te amo”. Mas, se não disse, você não podia saber ou adivinhar. Como quase ganhar um prêmio, ficando só por 1 número. Melhor era nem ser quase. Ou nem quase ganhar.

Pois este advérbio trás consigo uma sensação de vazio tão grande, que poderia ser até substituído pelo adjetivo “tristeza”, em certas frases e em certos momentos nossos. Como nesses dias chuvosos...

Como algo que sempre ficou por vir.

Como algo que nunca se concretizou.

Como o presente que você não entregou. Ou como da forma que você nunca, realmente, se entregou.

Como o sonho que nunca se realizou.

Como o “send” que você não apertou.

Como algo que ficou por um triz.

Como algo que deixou um gostinho... mas que pode ter sido um gosto amargo na boca. E, também, no coração.

*Autora dos livros “As verdades que as mulheres não contam” e “Para alguém que amo – Mensagens para uma pessoa especial”.

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