E então não precisou nem de reflexo.
Não precisou nem de me olhar ao espelho.
E foi no início de uma tarde - quase insólita - de domingo.
E foi de repente! Que percebi que quase já não era eu mesma. E isso é tão estranho... e pode chegar a ser decepcionante, ou gerar certo pânico. Medo de nunca mais conseguir voltar a encontrar minha essência.
Falar a verdade: já até perdi a noção de quando quase deixei de ser eu mesma, por tentar agradar o outro, a sociedade, o senso comum.
E quantas vezes não “pulei fora” cedo, ou antes, por medo de desagradar. “Meu Deus! Deveria, deveria ter saído daquela!”.
E não desagradei aos outros, mas acabei me desfazendo de mim mesma, aos poucos, lentamente, aos pouquinhos.
Até ficar longe, muito longe daquela menina auspiciosa e onírica que nasci.
Foi no início de uma tarde - quase insólita - de domingo que percebi: ninguém pode ser reflexo do outro.
*Autora dos livros “As verdades que as mulheres não contam” e “Para alguém que amo – mensagens para uma pessoa especial”.