Reflexo

11 de Agosto de 2017
Priscilla Porto

Priscilla Porto

E então não precisou nem de reflexo.

Não precisou nem de me olhar ao espelho.

E foi no início de uma tarde - quase insólita - de domingo.

E foi de repente! Que percebi que quase já não era eu mesma. E isso é tão estranho... e pode chegar a ser decepcionante, ou gerar certo pânico. Medo de nunca mais conseguir voltar a encontrar minha essência.

Falar a verdade: já até perdi a noção de quando quase deixei de ser eu mesma, por tentar agradar o outro, a sociedade, o senso comum.

E quantas vezes não “pulei fora” cedo, ou antes, por medo de desagradar. “Meu Deus! Deveria, deveria ter saído daquela!”.

E não desagradei aos outros, mas acabei me desfazendo de mim mesma, aos poucos, lentamente, aos pouquinhos.

Até ficar longe, muito longe daquela menina auspiciosa e onírica que nasci.

Foi no início de uma tarde - quase insólita - de domingo que percebi: ninguém pode ser reflexo do outro.

*Autora dos livros “As verdades que as mulheres não contam” e “Para alguém que amo – mensagens para uma pessoa especial”.

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