Respeito negado e liberdade confiscada

21 de Julho de 2013
Jornal O Liberal

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Quem gosta de aparecer no vestir, ostenta grifes, mas paga com os “olhos da cara” o preço da fama, sabendo-se que produto da mesma qualidade está acessível a bolsos e bolsas menos aquinhoados. Não por gostar de se ostentar, mas por ter o “destino” feito o cidadão nascer ou as circunstâncias o terem levado a residir em “cidade histórica”, ele paga com os próprios direitos e com perda momentânea da liberdade; liberdade inerente à sua própria condição de cidadão e robustecida por sua condição de residente. Qualificação e elogio para quem gosta de referências honoríficas, “cidade histórica” não passa de discriminação para outros, porque “históricos” são todos e quaisquer locais onde, onde vive ou por onde passa o homem, principal agente da história. Com isso, antes de essa condição convencionada, muitas vezes, ser obstáculo ao pleno viver do residente nos ditos “locais históricos”, outros não assim rotulados já foram preteridos em suas prioridades, junto às atenções oficiais. Quem reside em Ouro Preto, comuna com tantos títulos honoríficos, conhece bem o preço a pagar pela fama; desde o trivial do quotidiano até a circulação, nos espaços públicos, quando cidadão local é considerado simples invasor. Para ouro-pretanos da sede, o “21 de Abril” é exemplo clássico dos momentos em que o residente se torna “alienígena”, com menos direito que visitantes aos olhos do esquema oficial, que se apodera da cidade naquele dia. Mas, em Mariana, a agressão aos direitos de cidadania foi maior, no “Dia de Minas”, coincidente com a data magna do município e a festa da padroeira local. Cerceados pelas forças de segurança, fiéis não tiveram acesso para rezar (para rezar, que fique bem dito) na igreja, onde se celebravam as solenidades de louvor à padroeira local. E se isso não bastasse, tiveram a petulância de “orientar” ao arcebispo que rezasse a missa com as portas fechadas. Como a “orientação” não foi seguida pela autoridade eclesiástica, homens armados se posicionaram dentro do templo. Onde foram parar o bom senso das autoridades e o respeito devido à população local?

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