Revolta.com

24 de Setembro de 2015
Neto Medeiros

Neto Medeiros

Vamos lá. Começo estas mal traçadas linhas a poucas horas do dia 16. A marcha pela... por... bem, acho que é pra pedir a derrubada não é!? Ok. Todos temos o direito de ir e vir, manifestar, EXPRESSAR, poetizar, subir, descer, cagar, ouvir, deveres... Também seria lindo se as ruas fossem tomadas por aquela mesma energia de 2013. Que sabe-se lá porque tomou as ruas do Brasil como que um grito de CHEGA! Vocês não nos representam! Parem de nos roubar! Não são só pelos 0,25 centavos...

Pois bem, aquela coisa linda, pintada de verde amarelo, ou melhor, sem cor nem partido, e de boas revoltas, foram devidamente sufocadas pela mão pesada do Estado, que há muito nos oprime e que há muito só se preocupa em encher bancos de lucros, ao invés de melhorar os bancos quebrados das escolas cada vez mais sucateadas...

Desce o cacete neles! Há pouco, o mundo reviveu o estigma da carnificina das bombas atômicas que dizimaram milhares de japoneses. Pra quê? Pra quê matar 20 pessoas como retaliação? Vidas aleatórias? Pra quê? Pra quê desviar a verba da merenda? Pra que reduzir a maioridade? Por que não descriminalizar as drogas? Por que não levantar ao ver o velho cansado? Pra que superfaturar compras? Pra que passar por cima de vidas? Por que deixar o viaduto cair? Por que tanto preto e pobre encarcerado? Por que tanto ladrão engravatado impune? Por que tanta mentira? Pra quê chutar o imigrante? Até quando???

Voltemos ao passado recente. Você há de se lembrar. Não precisa nem gastar muito a memória. Economize água. Provavelmente você até deva ter ido a alguma passeata na época. Foi muito bacana ver um monte de família, milhões de pessoas, simplesmente querendo se fazer ouvir. Gritar. Indignadas com a negligência histórica da nação com coisas que deveriam nos garantir, mas que vemos, não há o mínimo de respeito ao dinheiro público. Eram e são várias as pautas. Não são pelos 7 a 1! Mas lá, na revolução de 13, como irá ganhar as páginas dos livros de história aquele período recente, nós estávamos tomados por uma catarse coletiva que conectava a maioria a tomar as ruas cada vez mais. Cada dia mais um. Pela Utopia de um Brasil igual. Humano. Sem roubalheira...

Os cala-bocas foram dados. Algumas reduções pontuais na tarifa. Todas devidamente já reajustadas. O aumento que rima com borrachadas. No sul, divulgadas, na capitar, abafadas. A história que se repete na pele manchada de sangue. Mais médicos e menos dinheiro pras escolas. Pátria educadora que quer voltar com o MEC. Que MEC hein!? Nada está tão ruim que não possa piorar...

A confusão de Black blocs somadas à falta de lideranças consistentes, temperadas com a morte do cinegrafista Santiago e com o incremento, claro, da costumeira repressão do Estado, ruíram aquele sentimento. Acho que dificilmente teremos uma primavera brasileira como aquela.

Uma anarquia democrática, se é que possa existir isso, e que era mágico. Foi algo que mexeu com os sentimentos até mesmo dos intocáveis de Brasília. Muitos começaram a ter buracos na palma da mão se é que me entende. Aliás, a tomada do Congresso pelo povo tenha sido talvez a imagem síntese daquele sentimento e momento.

Não adianta continuar com a conduta do 8 ou 80 potencializado pela última eleição e por um sentimento coletivo de rivalidade, que talvez, esteja canalizado para um alvo errado. Um radicalismo exacerbado que mostra sem pudor o crescimento do fascismo e das mangas de fora. Uma defesa deturpada do capitalismo e do consumo. Enquanto a lógica for e$$a, não haverá liberdade. Muito menos igualdade.

Mais uma vez te peço, se expresse. Bora trocar essa prosa. Quero muito saber o que pensas. No que pensar. Compartilhe e se solte. Mande uma carta eletrônica, assim prefiro chamar: netomedeirosgr@gmail.com. Um poema será mais que bem vindo e prometo publicá-lo aqui na coluna. Se joga!

P.S 1: Terminei essas mal traçadas linhas, bem depois do dia 16. Só em Setembro. Está cada dia mais difícil lapidar palavras...

P.S 2: Estou com muita vergonha alheia do Fábio Jr. Os brasileiros amerricanos não mereciam ouvir tanto cocô. Ou mereciam?

P.S 3: E não é que o Levy e a corriola querem que agente de novo pague a conta? Essa é a terra Brasilis...

P.S 4: Quis apenas fazer esse P.S porque lembrei do quanto tenho saudade do tempo em que minha maior preocupação era zerar qualquer jogo do PlayStation. Tempo bão que não volta mais...

Destranque sua mente

Até um dia...

Belo dia feito de sonhos e ketchup.

Angústia. Fome e mortadela.

Ela. Somente ela, meu alimento.

Meu tormento.

Feito o saleiro entupido ou o

Ônibus que demorou a chegar...

Ansiedade da volta que ainda não

Partiu. Como aquele pão esquecido

Que acabou de virar pedra.

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