Matéria veiculada por grande jornal, no final da semana passada, dá conta de que cresce, em Minas, de forma assustadora, as ocorrências de roubos. Segundo a reportagem, em dez municípios, incluindo-se Belo Horizonte e mais quatro na respectiva região metropolitana, o aumento variou de 11,29% (Uberaba/Triângulo) a 67,70% (Ribeirão das Neves/RMBH) de 2014 para 2015.
Dá o que pensar esse brutal aumento de ocorrências contra o patrimônio. De acordo com a mesma reportagem, é uma média de trezentos e dez assaltos por dia, em todo o estado. Para os que se agarram a teorias sociais, a causa da criminalidade, notadamente em relação ao patrimônio, é consequência direta das diferenças entre o pequeno “ter” da grande maioria e o grande “ter” de pequena minoria, assim como também o desemprego, tratando como novo esse fosso social, na verdade, existente desde que o mundo é mundo. A desigual distribuição de renda é um mal, reconhece-se, mas pouco ou nada tem a ver os índices de criminalidade. O fator desemprego, em ascensão nesta crise geral, reforça a convicção de tais teoristas, mas verificada a origem dos criminosos apanhados pelas malhas da lei, constata-se não haver nenhum dispensado de fábrica, de estabelecimento comercial, de empresa prestadora de serviços, ou que, sendo autônomo, tenha abandonado sua atividade; são pessoas que, de alguma forma, sempre viveram na marginalidade. Há, sim, uns poucos, que abandonaram emprego ou atividade honesta, além de outros a trilhar a criminalidade em paralelo com empregos de boa remuneração. Entre esses poucos estão assaltantes de bancos (incluindo-se explosões de caixas eletrônicos), assaltantes a empresas de transporte e a caminhoneiros, dos quais não se pode dizer que tenham sido marginalizados pela sociedade, porém, teriam eles próprios se colocado á parte dela por opção. Verifica-se também que grande parte da criminalidade está associada ao tráfico de drogas, cuja ramificação abrange detentos, em presídios (?), e indivíduos bem situados socioeconomicamente, sobre os quais não recaem suspeitas do grande público.
A criminalidade, em sua maior parte, tem origem nas profundezas da decadência moral, vivida pela sociedade que, em dado momento foi minada por falsos conceitos em torno da propriedade, chegando-se à expropriação consentida, pela força, daquilo que o semelhante possui. Daí para o roubo puro simples foi um passo! Abandonou-se a educação a fundamentada no respeito mútuo entre indivíduos, incluindo-se posses. Em seu lugar teorizou-se sobre “injustiças” das posses, ainda que honestamente adquiridas, induzindo os menos capazes ao não reconhecimento do direito implícito naquelas. Ao mesmo tempo, promulgava-se, veladamente a princípio, ser defeito ou vício a riqueza, enquanto a pobreza era virtude, não importando o caráter dos indivíduos num e noutro caso. A coroar tudo isso, afrouxaram-se as leis e a inversão de valores encontrou bom terreno onde fincou raízes. Para começar, tratou-se de, nos meios jurídicos, por diferença entre roubar (que seria com violência física) e furtar (sem violência), mas a língua registra “roubo” e “furto” como sinônimos. Em bom Português, é ladrão o agente do crime tanto de uma quanto de outra “modalidade”! Até a imprensa é leniente com criminosos, ao denominar “suspeito” ao apanhado pela polícia na prática do crime, ou àquele que o pratica diante do público.
Na inversão de valores, tudo conspira a favor do criminoso, levando a própria vítima a defendê-lo, em algumas circunstâncias. É o que se constata ao se desvendar um caso de sequestro. Diante da vítima libertada, algum imbecil pergunta: “houve violência?”. A estupidez humana chegou à conclusão de que para ser violência tem que haver sangue! O próprio sequestro não é violência; talvez passeio, forçado, é claro! Quão diferente de quando as portas das residências se abriam, pela manhã, e se fechavam ao anoitecer, sem que por elas passassem estranhos, sem se anunciar ou sem ser convidados; de quando, encontrado um objeto na rua, perguntava-se à porta mais próxima se era daquela casa o proprietário do achado; de quando pela manhã, o leiteiro, o padeiro e outros fornecedores, deixavam suas mercadorias à porta de cada freguês, sem que ninguém nelas bulisse, pois nem mesmo cão vadio havia. Se o filho ou filha em casa chegasse com algo diferente, pai e mãe procuravam saber como o objeto chegara às suas mãos e, se por meios escusos, obrigavam à devolução com pedido de desculpas. Por omissão paterno/materna não se formava ladrão! Praticado o primeiro roubo, de botão ou caminhão, não importava o valor, o ladrão ficava marcado e sem condições de no mesmo local morar.
Diante de tanta leniência, hipocrisia, proteção e impunidade, a criminalidade tem mesmo é que prosperar!