Tragédia em São Caetano

01 de Outubro de 2011
Valdete Braga

Valdete Braga

O país inteiro está estarrecido com a tragédia ocorrida em São Caetano. Como entender uma criança de 10 anos atirar na professora e se matar depois? Não faltam os “psicólogos de plantão” a dar opiniões, algumas consistentes, outras nem tanto, mas uma verdade é comum a todos: o horror ao fato.

Vivemos em um clima constante de violência e medo, às vezes temos a impressão que o mundo enlouqueceu. Fatos como este levam às lágrimas os mais insensíveis, é triste demais. Mas como nada é por acaso, vejo nessa tragédia - com toda a minha solidariedade aos pais e parentes - um motivo sério para reflexão: o que estamos fazendo com as nossas crianças? O que elas assistem na televisão, o que vivenciam no seu dia a dia, que tipo de formação estão tendo?

Fala-se em bullying, alguns culpam o pai por ter deixado a arma ao alcance da criança, mas o que terá levado esta criança a tal atitude? Longe de mim julgar, quem sou eu, imagino o sofrimento dos pais. A questão do bullying também é muito séria, um fato que, como alguém já disse, sempre existiu, só que agora tem nome. É preciso combater, não porque agora tem nome, mas porque é errado e as crianças precisam aprender desde cedo que é errado. Quando eu era criança e brigava na escola, os dois “briguentos” ficavam de castigo. Se algum colega batia no outro, a professora passava aquele “sabão” e punha o que bateu de castigo. Nessa atitude, ela já estava combatendo o bullying.

A diretora da escola de São Caetano se refere ao garoto David Mota Nogueira como uma criança pacata e gentil, que nunca deu demonstrações de agressividade. A dúvida, pelo menos por enquanto, fica no ar: não se trata de acusar ninguém, mas o que levaria um garoto gentil, calmo, tranqüilo, a uma atitude dessas?

O que será que esta criança assistia na televisão? Neste mundo tão “tecnológico”, que tipo de video games ele teria? Já vi filhos de amigas desta idade “brincando” em um jogo onde o vencedor era quem conseguisse matar mais “inimigos”. O que fica na cabeça de uma criança depois de “vencer” um jogo deste tipo?

Não sou contra a tecnologia, não sou louca. O mundo moderno precisa dela e o avanço tecnológico tem muito a acrescentar. Mas é preciso parcimônia. Pais precisam vigiar os filhos, sim. Liberdade demais em algumas idades não é positivo nem para os pais nem para as crianças. Alguns confundem autoridade com repressão.

Não digo que seja o caso, quem sou eu ou qualquer um de nós para julgarmos os pais do menino David. O que gostaria é que esse episódio tão triste servisse pelo menos de alerta a todos os pais. Sendo ou não sendo o caso do pequeno David, que os pais ficassem mais atentos ao que os filhos vêem, ao que assistem, do que brincam, principalmente na internet. A violência está entrando em nossas casas em forma de brincadeiras.

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