Trigêmeos fofoqueiros

13 de Julho de 2018
Valdete Braga

Valdete Braga

Existe uma família que costuma dar muito trabalho em nossas vidas. São os trigêmeos “Me disseram”, “Ouvi falar” e “Fiquei sabendo”. Juntos ou separados, esses irmãozinhos fazem muito estrago. Chegam devagar, fala mansa, jeitinho amigável, infiltram-se em nossas vidas e, se não ficarmos espertos, acabam nos destruindo. Não é difícil cair na conversa deles. A vigília deve ser constante. Com tempo, experiência, e mantendo a calma, acabamos tirando de letra, mas até conseguirmos identificar e neutralizar as intenções destes três irmãos precisamos percorrer uma longa estrada.

Estes trigêmeos não são fáceis. Gostam de jogar com a vaidade das pessoas. “Me disseram” que seu colega está de olho no seu cargo, é super comum. Gostam também de fofocas. “Ouvi falar” que seu namorado tem outra, “fiquei sabendo” que aquela que se diz sua amiga está traindo você, e por aí afora. Eles não gostam de ver ninguém bem e são super ciumentos do sucesso alheio. Por sucesso entenda-se qualquer maneira de você estar bem. Fisicamente, financeiramente, socialmente, emocionalmente, não importa. O que os incomoda é o seu bem estar, independente de onde venha.

Mas como o próprio nome diz, o Bem é sempre mais forte, e cair na provocação deles, ou não, depende unicamente de você. Os trigêmeos visam a faixa etária emocional e não a cronológica. Ficam atentos também às nossas vaidades e emoções, o que nos torna todos vulneráveis. Somos humanos, e o ser humano é, por si só, um ser vaidoso. Isto não é defeito. Torna-se defeito quando a vaidade extrapola o limite do sustentável. Aí é porta aberta para os trigêmeos, e os danadinhos cabem em qualquer gretinha.

Auto-estima, orgulho de ser quem é, amor próprio, são fatores positivos em nossa vida. Mas o orgulho exagerado vira arrogância, e a auto-estima que nos engrandece, quando se transforma em egocentrismo, nos diminui. É neste momento que os trigêmeos atacam. Quando vêem que estamos bem, eles começam a rondar. Se tivermos discernimento para viver o Bem sem querermos nos transformar no próprio, eles não encontram abrigo e partem para outro caminho, mas se estivermos na sintonia, eles tomam morada.

Quando estes três baterem em nossa porta, temos duas opções: a primeira é, afundados em nossa arrogância, acreditarmos neles e sairmos, brigando com Deus e o mundo. A segunda é, com humildade e sabedoria, entendermos que cada pessoa vive a sua própria vida e fecharmos a porta. Quanto mais escolhemos a segunda opção, mais este triozinho vai perdendo a graça e seguindo outros caminhos. E já vai tarde.

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