Uma questão de escolha

24 de Junho de 2016
Valdete Braga

Valdete Braga

Um amigo/colega perguntou-me porque, dentro da efervescência política que estamos vivendo, eu não escrevo sobre o assunto (palavras dele). Não foi a primeira pessoa a questionar-me sobre isto, então resolvi dar aqui uma explicação.

Concordo com ele quando ele fala em “efervescência”. O país parece uma panela de pressão, cada dia aparece uma notícia nova e, infelizmente, em sua grande maioria, nada animadoras. Exatamente por isto eu escolhi, nesta coluna, outra linha de ação. Além do assunto estar muito em evidência, e creio que exatamente por isto, já existem na mídia muitas pessoas falando sobre política. O tema é de total relevância e gosto de acompanhar os textos, mas, como colunista, não é esta a minha escolha.

Um jornal precisa e deve primar pela diversidade, e o tema política partidária precisa e deve ser uma destas opções, mas não a única. Assim como temos colunas sobre futebol, ocorrências policiais, etc, temos “também” o tema política. Cada pessoa tem a sua tendência e a segue. Eu optei por estas “amenidades” por ser mais a minha cara. Nada contra outros assuntos, apenas não são da minha linha literária. Questão de escolha e afinidade.

Temos excelentes analistas políticos, em diferentes meios de comunicação. Alguns começo a ler e não gosto, outros leio do começo ao fim. Estes merecem o meu mais profundo respeito e admiração. Às vezes não concordo com o pensamento, mas quando ele é colocado de forma séria e comprometida, embasado em argumentos, faço questão de acompanhar e já cheguei a repensar conceitos, de acordo com a leitura. Ou mesmo que não repense e continue com a minha opinião contrária, respeito o pensamento diferente. E nem poderia ser de outra forma.

Por outro lado, temos também muito “achismo” disfarçado de argumento. Fazer uma coluna política para repetir simplesmente “fora fulano” ou “fora cicrano”, perde totalmente o sentido. Assim como se propor a discutir política com argumentos como “precisamos melhorar a educação e a saúde”, “precisamos tirar os corruptos do poder”, “saneamento básico é essencial”, etc, é muito genérico. Todo mundo sabe disto. Isto não é discutir política, é escrever o óbvio. Uma coluna política exige argumentos embasados em fatos (independente de coincidirem ou não com o pensamento do leitor, naturalmente).

Independente do tema escolhido, a responsabilidade de quem escreve é muito grande. Devemos respeito ao leitor. Sejam temas “sérios” ou temas “amenos”, seja uma notícia triste sobre um acidente ou uma crônica do cotidiano, um texto religioso ou a reprodução de um folclore, um drama ou uma piada, o trabalho exige responsabilidade e todos são igualmente sérios.

Quando a palavra “diversidade” está tão na moda, só não entende esta realidade quem não quer. O espaço está aí, cada vez mais abrangente, graças a Deus, para todos os temas. Cabe a cada um definir o seu e segui-lo (ou não). Eu escolhi o meu, e, respeitando a todos, prefiro continuar, neste espaço, com as minhas tão queridas amenidades.

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