Uma tarde especial

18 de Novembro de 2013
Valdete Braga

Valdete Braga

Esta semana fui visitar a Casa Lar. Assim que entrei, aproximou-se de mim a coisinha mais fofa do mundo, e de cara perguntou-me: “você é mãe de quem?” Expliquei que não era mãe de ninguém, mas que tinha ido visitar a todos. A menina me abraçou assim do nada, e começamos a “conversar”. Ela disse-me o nome, que tinha seis anos e gostava muito de cantar.

Aos poucos outras crianças foram se aproximando, algumas tímidas, outras mais desinibidas, algumas desinibidas até demais, fazendo com que a “tia” chamasse a atenção.

Mas todas... crianças. Algumas mais carentes, outras menos, duas me contaram muito felizes que no final do ano (já estamos nele, praticamente) iriam voltar para a casa dos pais. Uma garota, já adolescente, disse que ela havia feito o macarrão para o jantar. Ela era uma das que logo, logo estarão de volta com os pais, e levou-me até a cozinha com um orgulho de emocionar. Aliás, a tarde foi de pura emoção. Outra garotinha fez questão de me apresentar a casa. Levou-me de quarto em quarto, mostrando onde cada um dormia, pelo nome.

Percebi que as meninas eram mais desinibidas, e os meninos mais fechados. Normalmente é assim mesmo. Mulheres são mais expansivas, em qualquer idade. Chamei-os para contar histórias e cantarmos. Meu Deus, que gritaria! Era um tal de “eu”, “eu”, de fazer doer os ouvidos. Detesto gritos. Mas nunca havia vivenciado uma gritaria tão gostosa!

Meio sem saber como começar, perguntei quem gostava de cantar. Outra gritaria deliciosa! Não houve um que não levantasse a mão, inclusive um menininho de apenas quatro aninhos e a garotinha que me recebeu, de seis. Começou a festa. Galinha Pintadinha, A Barata Diz Que Tem, Atirei O Pau No Gato, Ciranda Cirandinha, uma mistureba de ritmos da minha infância e da infância deles. O importante era soltar a voz. E como soltam! Tive a impressão de que a cidade inteira ouviu a cantoria. Uns batendo palminhas, outros mais tímidos, mas todos... crianças.

Fui com a tentativa de oferecer a eles uma tarde feliz, e eles que me fizeram tanto bem! Quem saiu revigorada fui eu. Cansada (qual criança saudável não dá canseira nos adultos?) mas leve, com o coração em festa. Criança é criança em qualquer lugar ou situação e sempre nos ensinam alguma coisa. Voltei para casa com uma quentura gostosa no peito e um sorriso nos lábios. Feliz, muito feliz pelas crianças que voltarão para um lar reestruturado e torcendo para que logo chegue a hora das demais.

Gostaria de, extensivo a todos os funcionários que fazem este lindo trabalho, cumprimentar e agradecer à Shirley Xavier e a Nancy pela dedicação, carinho e amor que dedicam a estas crianças, tornando-as especiais. Como especial elas tornaram a minha tarde. Parabéns, meninas! Que Deus as abençoe!

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