Uma viagem no tempo... Imperdível!

01 de Dezembro de 2017
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

*R. Koeppel

Pela quarta vez tivemos a bordo do trem de ferro Vitória - Minas, operado pela VALE. De BH até Vitória são 13 horas inesquecíveis. E o melhor - na volta você tem mais 13 horas... No mundo do "kkk kkkk”, e da "perseguição" do Livro de Caras (i.é, Facebook) isto até parece coisa de maluco.

Já viajamos de trem pela AMTRAK (Estados Unidos), pelo TGV (França - 400 km/hr), pelos magníficos trens ICE- Inter-CityExpress da DBB - Deutsches Bundesbahn (Alemanha), Talgo (Espanha) etc. São ótimos, mas... Ficam longe daqui! O trem da VALE fica aqui e é nosso! E, usando como exemplo: na Alemanha você vai ficar triste: os trens são ótimos... Mas o país, não! Você anda 500 km (3hs) e a festa acaba. Ou melhor, o país! Por exemplo, na Alemanha que nos últimos 400 anos aprontou tanta confusão, fez tanta coisa bonita e técnica, a gente se assusta. Pois o país é deste tamaninho. Claro que poder andar de carro nas estradas deles, à 320 km/hora, sem buracos nem quebra-molas, ajuda a diminuir o país. Estou achando que é um país meio mixuruca... Ou será que somos nós que não sabemos o que temos? No trem da Vale (MG-ES) são 664 km! Num mapa correto, do Brasil, isto nem apareceria. E o Brasil (8.5 milhões de km2) é 24 vezes maior do que Alemanha (357 mil km2), que é do tamanho de Mato Grosso do Sul. Não fique feliz! A Alemanha tem 42.000 km de estradas de ferro! Tem muitas linhas que suportam mais de dois trens por hora... O trem da Vale é uma vez por dia... e só tem um no Brasil!

Mas, podemos assegurar-lhe, é coisa de deixar você maluco! E cada vez está ficando melhor. Antes nos trens antigos a gente podia colocar a cabeça no vento... No intervalo entre os vagões. Agora a brisa vem com conforto: 22oC. Tudo está com ar-condicionado. O serviço de lanches é perfeito. Você pode ficar sentado nas poltronas super espaçosas e confortáveis e o lanche vem até você. Sendo servido por pessoas educadas, alegres, gentis, de paz com a vida, o “motorneiro” (era assim que se chamava o piloto de bondes em BH, antigamente), logo no início da viagem, explica tudo de forma muito interessante. E, ao contrário de outros serviços de divulgação pública, você entende tudo. Eu gostei tanto que até quis conhecer nosso piloto...

No trem, uma coisa inesperada - são muitos vagões (R$ 105 nos quatro vagões de luxo com 60 poltronas cada, R$ 70 nos sete vagões de gente bacana, com 90 poltronas cada um. E tem várias opções até de graça se você se encaixar em alguns requisitos. Mas tem carro restaurante, tem carro para cadeirantes. Você pode passear pelo trem.

E você vai ter uma oportunidade única no Brasil (é o único trem de longo curso no Brasil... "Eles" não deixam a gente esquecer que "eles" não gostam da gente!) - viver intensamente, durante 13 horas com o que todos gostariam de ver em todo o Brasil - gente simples, ordeira educada, feliz, alegre, limpa, sonhando com um país que podia ser digno de nós...

Você terá prazer ao estar próximo de crianças (que caminham pelos corredores), de jovens, de adultos, de senhoras e senhores certamente que estão indo ou vindo de visitas aos netos ao longo da estrada. Não me pareceu que nos 12 vagões havia nenhum corrupto nem nenhum corruptor. Ninguém tinha cara como as que a gente vê na TV. Acho que todos estão na TV discutindo como mudarão de poleiros na próxima eleição... E também não vi ninguém com cara de dono de carro de meio milhão. Será que eu estou enganado? Um carro como este (da classe vagão) deve custar mais de meio milhão. E é todo seu, por R$ 105 ou até menos.

Almoço a bordo? R$ 14... Se você não se empanturrou antes com os lanches e café... Eu escrevi este artigo sentado no carro restaurante, vendo a magnífica paisagem passando suavemente. Achei estranho que sem apertar nenhum botão, o filme muda... A cada minuto! E cada vez é mais bonito. Chovia em alguns trechos e o Rio Doce estava um doce. O trem não chacoalha. É super silencioso. Você nem nota que parou. Se não informassem, sempre de modo gentil: Próxima parada... Estação de Antônio Dias... Tempo máximo 1 minuto!

E as novidades não acabam. No último vagão fica um museu que viaja junto. Muito bonito! Com temas sobre águas, ecologia, energia, natureza. Tudo iterativo. Imagino se eu fosse criança e não estivesse louco para lhe contar como está sendo a viagem, eu teria ficado conversando com as gentis atendentes.

Opa! Ia me esquecendo. Este artigo foi enviado via Wi-Fi que funciona 100 % ao longo de toda a viagem. Agora, se você for maluco mesmo, leve um vídeo-game. Têm tomadas em todas poltronas. Fique olhando para a “sua” telinha e mate muitos “inimigos”. Enquanto, ao seu lado, numa telona com mais de 16 milhões de cores, a beleza deste país vai sendo mostrada. Graças à VALE!

*_Rodolfo Koeppel mora em Glaura. Mas gosta de conhecer outros lugares. Se você quiser ir junto faça contato ===> rodolfo.koeppel@gmail.com_

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