Cidadãos são alvo de “terrorismo” em Ouro Preto

Ouro Preto,
14 de Junho de 2014

Essa é a segunda denúncia que O LIBERAL recebe. Mas desta vez autores dos crimes estão detidos

No mês de fevereiro o jornal O LIBERAL publicou uma matéria com denúncias das ameaças e vandalismos que os moradores do bairro São Francisco, mais conhecido como Morro do Piolho, em Ouro Preto, estavam vivenciando. Desde então os atos criminosos recrudesceram ainda mais, aterrorizando a população do local.

Segundo relatos dos cidadãos, que preferiram não se identificar, menores, chefiados por dois bandidos do bairro, conhecidos como Vitão e Cadão, ameaçaram não só os moradores, como também qualquer pessoa que tentasse subir umas das ruas do bairro, no domingo (8). De acordo com as informações os autores começaram as ameaças por volta das 23h. Arrancaram o arame de uma cerca próxima à rua e colocaram na entrada, para impedir a passagem de carros e até mesmo de viaturas da polícia, caso alguém os chamasse. Além da “barricada” montada pelos bandidos, os mesmos ainda apedrejaram os pedestres que passaram pelo local. “Eu estava chegando com minha filha em um táxi nesse horário. Quando saímos do carro os meninos começaram a jogar pedras na gente. Uma delas até chegou a acertar minha filha. Tivemos que correr”, conta uma moradora.

Além de pessoas, casas e carros também foram atingidos pela “chuva” de pedras. “Eu estava dormindo quando acordei e ouvi a confusão. Os infratores gritavam que era vingança, pois dias antes dois bandidos haviam sido presos, ainda que liberados pouco tempo depois. As pedras acertaram o meu carro, que teve o vidro traseiro quebrado”, relembra a proprietária.

Os moradores, cansados de tanta violência, acionaram a polícia, que conseguiu apreender os menores, e junto com eles prender os que seriam chefes das ações, Vitão e Cadão. “Nós não aguentamos mais sermos reféns de bandidos. Estamos presos em nossa própria casa por causa de uma minoria que vem aterrorizando nossa vida. Precisamos dar um basta. Essa situação está insustentável. Até agressões físicas uma vizinha já sofreu e não denunciou na época, pois ficou atemorizada”, desabafa um dos moradores, que junto com um grupo de pessoas do bairro, passaram a madrugada da segunda-feira (9) na delegacia para fazer as denúncias contra os bandidos. “Estamos cansados de tanta opressão. A polícia Militar tem feito o seu trabalho. Quando a gente os aciona eles comparecem e levam os infratores. O problema é que a justiça vai e solta no outro dia. Na segunda, quando chegamos em casa da Delegacia, os menores que foram detidos chegaram pouco depois da gente. E aí as ameaças começam de novo. Isso não é vida”, afirma outro morador.

Os menores infratores foram detidos na manhã da terça-feira (9) e encaminhados para a Delegacia de Polícia Civil, onde ficarão por cinco dias aguardando vaga em alguma instituição de abrigo. Depois desse prazo os menores ficarão apreendidos por 45 dias até o julgamento. “Os menores estão detidos em uma sala especial, com todos os direitos garantidos. Devido ao agravamento do caso, nós estamos viabilizando a transferência o mais rápido possível”, garante a promotora de justiça, Luiza Helena Trócilo Fonseca.

Já os acusados de chefiarem os menores estão presos e não serão liberados. Os moradores temem que os menores não sejam encaminhados para alguma instituição por falta de vaga e voltem a aterrorizar o bairro. Os denunciantes contam que pessoas já abandonaram algumas casas por medo. “Da primeira vez, quando fizemos a denúncia ao jornal O LIBERAL, no dia seguinte os infratores roubaram tudo, absolutamente todos os pertences de uma das moradoras, até a roupa íntima. Ela se mudou do bairro após o ocorrido”.

Ajuda do Poder Público

A população do bairro pede ajuda da prefeitura nas intervenções das casas abandonadas, visto que os moradores afirmam que os autores, depois de saquearem todos os objetos, inclusive portas e janelas, usam os locais para consumo de drogas. “Que a prefeitura tome uma atitude. Que olhe por nós. Alguma coisa tem que ser feita”, solicitam.

Tentativa de estupro

Os pais de uma das jovens do bairro conta que há pouco tempo a filha, quando voltava da escola à noite, foi interceptada por um dos menores que a arrastou até uma das casas abandonas e começou a bolinar a garota. Segundo os pais, os infratores teriam rasgado a sua roupa e a agredido, mas que a mesma conseguiu fugir da situação.

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