Crime hediondo no Residencial Dom Bosco

Ouro Preto,
17 de Dezembro de 2011

Conflitos no loteamento em Cachoeira do Campo terminam na execução de advogada e seu companheiro. Assassinato teria relação com interesses no terreno

A histórica disputa por terras em Cachoeira do Campo, em área que teria sido do Colégio Dom Bosco, registra suas primeiras vítimas. Na noite de sábado, 10, a advogada Rita Inês Ribeiro de Oliveira, 55, que estaria morando há quatro anos no local, e o agricultor Fabiano Barros Soares, 42, foram sumariamente executados dentro de uma residência na área do loteamento. Somente na terça-feira, 13, os corpos foram localizados pela família, policiais, autoridades e moradores, que ficaram alarmados com a frieza dos assassinatos e a crise culminante no Residencial Dom Bosco.

O crime aconteceu em função da disputa pelo terreno que pertenceria à advogada, a qual desde que mudara para o distrito trabalhava na sua legalização. Desolada, a família de Rita Inês Ribeiro diz que a advogada conseguiu reaver o terreno na justiça. “Por força de uma liminar, ela conseguiu recentemente regularizar a quadra. No entanto, após muitas ameaças, armações e intimidações, conseguiram o que queriam e levaram minha filha, mas nunca conseguirão levar o que ela deixou, muito menos a sua dignidade e determinação”, afirma a mãe e também advogada, Maria Ediléia Fernanda Oliveira, 78. Rita Inês estaria há muito liderando um movimento no Residencial para auxiliar os moradores a regularizar as propriedades, e denunciado invasões, vendas generalizadas e estelionatários. “Quem está por trás disso são pessoas ‘grandes’, que não podem sair impunes, após tamanha crueldade que cometeram com ela”, diz indignada a irmã, Antônia Fernanda da Silva Ribeiro.

Um inquérito policial investiga o caso. Na cena do crime, a polícia encontrou a casa arrombada, drogas, marcas de chutes na porta e pertences das vítimas. A advogada deixou provas que incriminariam seus potencias desafetos, como cartas, vídeos, fotos, sendo que na quarta-feira, 14, a Polícia Civil cumpriu Mandados de Prisão contra dois policiais militares e um morador de Ouro Preto, que já estariam detidos na Delegacia. A polícia também investiga a suposta participação de Rita Inês na venda ilegal de terrenos. O Jornal O LIBERAL chegou a denunciar a situação de abandono do Residencial Dom Bosco e a iminência de uma tragédia. O assunto reacendeu o interesse do poder público, que anunciou ações paliativas para dotar o loteamento de melhor infraestrutura. No entanto, é urgente uma ação enérgica e integrada das autoridades e da sociedade contra a conivência histórica em relação aos problemas locais, começando por uma política de regularização fundiária profunda, caso contrário, a situação tende a piorar.

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