Distritos de Ouro Preto têm importantes monumentos recuperados

Ouro Preto,
20 de Agosto de 2013

A Casa de Pedra de Amarantina e a Matriz Nossa Senhora de Nazaré recebem grandes obras de restauro

Duas grandes obras de recuperação patrimonial são realizadas nos distritos de Ouro Preto: a Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, em Cachoeira do Campo, e a Casa de Pedra, em Amarantina. Realizadas por meio da parceria entre Governo Federal e Municipal, as verbas foram disponibilizadas pelo Ministério das Cidades e contrapartida do Município, já os projetos e fiscalização ficaram sob responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Para o chefe do escritório técnico do Iphan em Ouro Preto, arquiteto João Carlos Cruz de Oliveira, este é um aspecto fundamental para fazer um bom projeto e ter boa execução: “Ter um bem tombado em nível federal recuperado com ajuda de um parceiro como a Prefeitura, trabalhado com recurso federal e municipal e em sociedade com o Iphan na fiscalização, tudo mostra um aspecto fundamental para a execução de um bom projeto: a parceria”.

Além deste, o arquiteto destaca a iniciativa de entregar os monumentos aos cuidados da comunidade como outro aspecto de grande relevância. Para ele, a iniciativa possibilita o contato direto com o monumento, estimulando a idéia de apropriação e preservação do patrimônio.

Cachoeira do Campo

“Um dos melhores e mais bem elaborados projetos que já acompanhei”, assim define João Carlos os trabalhos realizados na Matriz Nossa Senhora de Nazaré. Após seis meses de paralisação por falta de repasse do Governo Federal, as obras já foram retomadas desde o início deste ano, com intenso e minucioso trabalho de restauro.

A Igreja Nossa Senhora de Nazaré, tombada pelo IPHAN desde 1949, foi construída na primeira década do século XVIII. O monumento possui um dos mais representativos conjuntos arquitetônicos do Barroco Português.

As intervenções são realizadas no interior da igreja com a recuperação da pintura do teto através do processo de consolidação da pintura. O restaurador responsável pelos elementos artísticos, Sílvio Viana Oliveira, explica que este é um processo delicado onde toda a camada de tinta desprendida é firmada novamente da superfície. Durante os trabalhos realizados no interior da nave, os restauradores encontraram outra pintura, datada do século XIX, abaixo da camada atual.

Além das pinturas do teto, os altares também receberam reparo com uma base própria, denominada bolo armênio, para receber o douramento, técnica utilizada na aplicação das antigas folhas de ouro. As madeiras que compunham a estrutura foram restauradas, algumas poucas que se encontravam irrecuperáveis foram substituídas por material idêntico e esculpidas detalhadamente.

Ao término dos trabalhos de restauração no interior da igreja será a vez da revitalização da área externa. O monumento passará por pintura e restauração de portas e janelas e a praça em seu entorno será revitalizada. Todo o projeto elaborado é executado pela parceria Prefeitura/IPHAN, com uma equipe técnica especializada e um minucioso trabalho que partiu de um investimento de cerca de R$1,8 milhão, sendo 90% do Ministério das Cidades e 10% do Município.

Casa de Pedra

Tombado pelo IPHAN em 1963, a Casa de Pedra, também conhecida como Casa Bandeirista ou Setecentista, foi construída pelos primeiros bandeirantes que chegaram na região entre os séculos XVII e XVIII. O monumento chama atenção pela sua construção de pedras irregulares sobrepostas umas às outras. Com o passar do tempo a estrutura da Casa foi se perdendo e atualmente encontram-se apenas ruínas no local.

Os trabalhos de recuperação começaram em setembro do último ano, com um minucioso estudo arqueológico em torno das ruínas. Uma equipe de especialistas de Belo Horizonte passou dois meses no distrito para realizar a escavação.

Em cada divisória da casa foram escavadas e mapeadas trincheiras para reconhecimento dos cômodos de acordo com os materiais encontrados. O formato de um forno possibilitou a identificação da cozinha antes mesmo das escavações. Foram encontrados diversos objetos históricos como armas, azulejos, moedas, dentre outros.

Em seguida, o monumento passou pelo processo de eliminação e prevenção de cupins e recuperação da estrutura. Paralelamente aos trabalhos nas ruínas, parte da área não construída do terreno recebeu uma nova estrutura em anexo destinada à utilização da comunidade, com banheiros, salão e escritório para administração do local.

Foram investidos cerca de R$1,4 milhão, sendo 80% do Ministério das Cidades e 20% de contrapartida municipal. As obras encontram-se dentro do prazo previsto no projeto e devem ser entregues ainda este ano.

Distritos de Ouro Preto têm importantes monumentos recuperados - Foto de Cristiano CarneiroDistritos de Ouro Preto têm importantes monumentos recuperadosDistritos de Ouro Preto têm importantes monumentos recuperados - Foto de Cristiano CarneiroDistritos de Ouro Preto têm importantes monumentos recuperados - Foto de Cristiano Carneiro
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