Em busca de oportunidade de trabalho, itabiritenses dormem na fila do Sine

Itabirito,
10 de Março de 2016

O crescente número do desemprego no país neste ano tem preocupado e tirado o sono, literalmente, de muita gente no Brasil. Em Itabirito não é diferente. Há cerca de uma semana, pessoas têm dormido na fila para atendimento no Sistema Nacional de Emprego (Sine) na busca de uma oportunidade de emprego na empresa Ápia, que irá disponibilizar 170 vagas na cidade.

A notícia de que a referida empresa iria liberar as vagas na manhã de terça-feira (1) fez com que cerca de mil pessoas enfrentassm a fila para se candidatar. Mas ao chegar no local as vagas ainda não estavam disponíveis. Foi quando alguns cidadãos promoveram uma manifestação e chegaram a tumultuar a entrada do Sine, colocando fogo em papelões e lixo no local. A Polícia Militar e a Guarda Municipal foram acionadas para garantir a ordem e segurança dos candidatos.

Marcelo Moraes da Silva, de 40 anos, desempregado desde o ano passado, já está na fila há uma semana. “Eu vou continuar aqui, não vou desistir, preciso de um emprego para sustentar a minha família. A esperança é a última que morre”, afirmou o ajudante de pedreiro, morador do Vila Gonçalo. Liliane Aparecida da Silva, de 34 anos, está na fila há seis dias. “Chego aqui todos os dias às 19h, mas hoje (1) vim mais cedo, pois a notícia de que seriam liberadas vagas da Ápia, fez com que o número de pessoas aumentasse. O maior problema é não ter um banheiro para podermos utilizar. Estamos abandonados, sem apoio aqui”, reclamou a moradora também do Vila Gonçalo.

Há oito meses desempregado, o morador do Meu Sítio, Alexandre Expedito da Silva, de 27 anos, diz que aceita trabalhar em qualquer área. “Estou fazendo uns “bicos” para sustentar a família, mas é para sobreviver. A situação é muito difícil. O problema é falar que vai liberar vaga e a gente chega aqui e nada”, desabafa o mecânico.

O Sine

Sander Assis, secretário de Desenvolvimento Econômico de Itabirito, conversou com a reportagem do jornal O LIBERAL e explicou que as vagas sempre são divulgadas na entrada do Sine, para que as pessoas não precisem ficar dias enfrentando a fila. “A Ápia tinha dito que liberaria as vagas no dia 1°, mas nós ligamos antes para confirmar, e eles disseram que não tinham previsão. A empresa tem até o dia 22 deste mês para contratar os funcionários”, esclareceu o secretário, que ainda afirmou que esteve duas vezes na fila do Sine, na noite da segunda (29) para avisar que as vagas não seriam liberadas.

Sobre as 36 empresas anunciadas a se instalarem em Itabirito, Sander destacou que as mesmas precisam de tempo para se estruturar, e que o prazo é de oito meses a um ano. “Dessas empresas, apenas a Metso está mais adiantada e deve começar a empregar em maio”, afirmou.

O maior problema enfrentado pelo Sine, de acordo com o secretário, é um site falso, chamado Sine Itabirito, que divulga vagas inexistentes no sistema. Ainda segundo ele, o Ministério do Trabalho já está tomando providências para retirá-lo do ar. “O site oficial, que divulgar as vagas existentes é o maisemprego.mte.gov.br”, reafirmou.

Mais 400 vagas

A boa notícia é que existe a possibilidade de se abrirem mais 400 vagas pela Ápia. Segundo Sander isso será possível caso a Vale autorize o alteamento da Barragem Maravilhas, o que ainda está sendo negociado entre a mineradora e a empreiteira.

O Sine encaminha de três a cinco pessoas, de acordo com os requisitos da empresa, que fará a entrevista com os candidatos. A preferência é para quem mora em Itabirito, e para se candidatar é preciso comprovar que mora na cidade há pelo menos três anos.

Mudança no atendimento

Devido ao crescente número de desempregados, o Sine não está seguindo o sistema de cadastro do Sine, mas sim a ordem de chegada. “O que o pessoal tem que entender, é que, o dia em tiver vagas disponíveis, nós vamos avisar no dia anterior, para facilitar para as pessoas, evitando esse desconforto de dormir na fila”, ressaltou Sander. “A crise no Brasil como um todo, atingiu um percentual de quase 10% de desempregados. Em Itabirito, só no inicio deste ano, são 4.950”, afirmou o secretário.

Uma moradora que passava pelo local, e não quis se identificar, disse que está faltando o apoio da prefeitura, mais esclarecimentos. “Todo mundo quer um trabalho para se alimentar, nós não vivemos de flores. Os jardins são sim muito bonitos, mas ninguém vive de comer flor não. A manifestação tem que ser na prefeitura. Queremos ouvir o prefeito”, conclui.

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