Inflação atual é benigna, diz economista

Ouro Preto,
29 de Outubro de 2011

A convite da mineradora Vale, o jornal O LIBERAL se fez representar na roda de conversa com o economista e professor, João Furtado, da USP, manhã do dia 19, semana passada, no Memorial da Vale, em Belo Horizonte. O auditório para o qual falou o especialista - que se apresenta como polemista por sua visão um tanto diferente sobre a economia - era formado exclusivamente por profissionais da imprensa da capital e do interior do estado. O foco do seu pensamento foi sobre o valor dos chamados recursos naturais, que ele nega haver se aos mesmos recursos não estiverem agregados o espírito desenvolvimentista e o valor da pessoa humana. Então os verdadeiros recursos do desenvolvimento não são naturais, porém humanos.

Ele lembrou que, embora o petróleo gere desenvolvimento em outros quadrantes, os grandes produtores de petróleo não estão entre os países mais desenvolvidos; em parte, isso se explica pela generosidade das reservas mais a relativa facilidade de sua exploração, que não suscitam a criação de outras tecnologias e o conseqüente envolvimento de mais inteligência e trabalho humano. Contudo, em países como o Brasil, nos quais a exploração do petróleo requer mais esforço concentrado, outras tecnologias se desenvolvem, gerando mais trabalho e, conseqüentemente, mais riquezas. É o caso também da mineração que, responsavelmente praticada, suscita o desenvolvimento em outras áreas. João Furtado afirma que o desenvolvimento de um país pode ser a mola para o desenvolvimento de outros, se bem recebido. Logo o crescimento econômico da China é uma bênção. Só resta saber até quando a China crescerá.

Quanto à inflação, o economista, lembrando ser polemista, contraria os ortodoxos ao afirmar que, atualmente, é benigna. Diz ele que o ponto negativo da atual inflação é a indexação, cuja eliminação, tanto o governo anterior, quanto o atual, não teve coragem de abolir. Curiosamente, ao contrário do que se ouve em eventos do gênero, o professor João Furtado em nenhum momento apontou a educação como chave para o desenvolvimento. Frisou, sim, e várias vezes, que os verdadeiros recursos estão na pessoa humana, querendo com isso dizer que o desenvolvimento da sociedade passa pelo desenvolvimento do indivíduo, em todos os aspectos, estando aí implícita, a educação. João Furtado é doutor em economia com especialização em Estratégias e Políticas Industriais e Tecnológicas.