Instituto Geotécnico de Ouro Preto chega para eliminar as tragédias anunciadas

Ouro Preto,
21 de Março de 2012

Tragédias em Ouro Preto podem ser evitadas com soluções simples e mobilização da sociedade. O professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) Romero César Gomes defendeu, esta semana, a implantação do Instituto Geotécnico de Ouro Preto (Ingeo) na Câmara Municipal. Com base em embasamentos técnicos e a Carta Geotécnica de Ouro Preto, essa já entregue à Prefeitura, o geólogo garantiu que os escorregamentos de terra que afligem os moradores podem ser combatidos por meio de ações sistemáticas e estudos continuados de engenharia e monitoramento, tendo à frente um órgão estritamente técnico e consultivo na cidade. “Não podemos cair no esquecimento. Ouro Preto precisa de uma gestão permanente e eficiente na área geotécnica e isso só será permitido por uma instância fora do convencional, para uma cidade também diferente. As soluções são viáveis e simples, mas requerem um trabalho a longo prazo e mobilização”, destacou.

A proposta para a criação do Instituto ganha força com o término da atualização da Carta Geotécnica de Ouro Preto, fruto de 10 anos de estudos por professores e alunos da UFOP, em parceria com a iniciativa privada. Ela se originou de investigações de ocorrências de deslizamentos no passado, caracterização das áreas de riscos, monitoramento atual e a previsão dos propelimos futuros. “A geologia desfavorável, a ocupação desordenada do espaço urbano, o excesso de chuvas, entre outros fatores contribuíram para que Ouro Preto chegasse a 60% de sua área com elevado risco de desastres (risco 4) principalmente na região da Serra de Ouro Preto. Precisamos fazer algo, pois é absolutamente previsível desastres nas próximas chuvas”, aponta o especialista.

No entanto, ele afirma que a cidade não é uma “bomba-relógio”, uma vez que os problemas podem ser atacados através da prevenção e um trabalho permanente, em parceria com o poder público e a Universidade. “As soluções são viáveis com engajamento de diversos atores e ações de engenharia, como o monitoramento constante das áreas de risco e a implantação de drenagens pluviais. Além dessas finalidades, o Ingeo atuaria na conscientização da sociedade por meio da educação ambiental e respeito às normas de uso e ocupação do solo”, afirma. O Instituto contará com participação de voluntários, pesquisadores e alunos em tempo integral. Ele deverá ser criado com status de autarquia, através de projeto de lei de autoria do executivo que foi sugerido pelo legislativo na terça-feira, 13.

Hoje, 15 inclinômetros (aparelhos para medição de inclinação das encostas) encontram-se instalados nas imediações da Rua Padre Rolim, próxima a antiga Santa Casa, e da Igreja de São José. A proposta é aumentar consideravelmente esse número, permitindo um monitoramento qualitativo das áreas mais críticas, como Taquaral, Piedade e Santa Cruz, entre outros bairros. Estima-se ainda que cerca de 6 mil pessoas estão em vulnerabilidade ao logo da região da Serra.

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