Líder do MST recebe Medalha da Inconfidência em Ouro Preto e revolta deputados, manifestantes e condecorados

Ouro Preto,
27 de Abril de 2015

O líder do Movimento dos Sem Terra (MST) João Pedro Stédile, recebeu das mãos do governador do estado, Fernando Pimentel (PT) a Grande Medalha da Inconfidência. A homenagem foi presenciada por dezenas de militantes do movimento presentes na cerimônia

Manifestantes representantes de vários estados brasileiros compareceram na terça-feira (21) à 64ª edição da solenidade da Inconfidência, que teve como um dos seus condecorados o líder do movimento MST. Durante a cerimônia, participantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) também tomaram conta da Praça Tiradentes e hastearam suas bandeiras protestando pela reforma agrária e por mudanças no governo.

Para Stédile, receber a homenagem é apenas representar todos os militantes do MST no Brasil. “Não interpreto como uma homenagem pessoal, mas interpreto como um reconhecimento do governo e do conselho que decidiu pela medalha a todos os lutadores sociais de Minas Gerais e do Brasil. Então estou compartilhando essa medalha com todos os militantes dos movimentos populares. Para nós, mais do que uma honraria é um compromisso, porque Tiradentes foi enforcado na luta contra a escravidão, contra a riqueza no Brasil, pela democracia”, destacou.

O líder também destacou que espera resolver algumas questões públicas, após 12 anos de incentivo ao agronegócio, acreditando que com o governo de Fernando Pimentel “resolverão o problema do povo”. Contra o militante Stédile, o movimento mais vocal veio dos representantes do grupo “Vem pra Rua” que, além de repudiar a homenagem do ministro Ricardo Lewandowski, se mostraram contrários a condecoração ao líder do MST.

Em consequência dessa homenagem, na quarta-feira (22) deputados protocolaram um pedido de revogação da medalha atribuída a Stédile, assegurando que o governo de Minas Gerais cometeu um equívoco ao condecorar alguém que “não prestou nenhum serviço relevante ao estado econômico ou cultural” e ainda, o deputado Sargento Rodrigues (PDT) chamou o militante de “criminoso” e o acusou de “formação de quadrilha”, segundo reportagem do jornal Estado de Minas. Também se somou ao coro de descontentes com a homenagem a Rede Bandeirantes de Televisão, em editorial, na qual classificou o ato como estímulo ao banditismo.

Outro exemplo contrário a homenagem à Stédile ocorreu por parte do juiz mineiro Mozart Hamilton Bueno, que publicou uma carta aberta ao governador Pimentel onde afirma que irá devolver sua medalha da Inconfidência, recebida em 1982, por não concordar em dividir essa condecoração com o agraciado que, segundo ele, não fez nada pelo estado mineiro ou pelo país. “Não me julgo superior a esse senhor Stédile, mas a minha modesta biografia, a minha devoção ao meu Estado natal – berço e sacrário da nossa liberdade – recomendam-me não aceitar esse nivelamento, razão pela qual e por imperativo da minha formação cívica, renuncio ao galardão, com pesar, é verdade, mas convicto de que faço o que dita minha consciência” destacou o juiz.

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