Moradores da Chapada rejeitam implantação de linha de transmissão na comunidade

Ouro Preto,
10 de Fevereiro de 2017

Não houve acordo entre moradores e representantes das empresas Mantiqueira e Bio Dinâmica, responsáveis pela implantação das torres de linha de transmissão de energia no distrito, na reunião realizada na Chapada, Lavras Novas, no último sábado, 4. Os moradores rejeitaram por unanimidade a proposta de traçado apresentado pelas empresas. Na reunião, que contou com participação ativa dos moradores, os representantes das empresas apresentaram o projeto da Linha de Transmissão (LT) 345 KV Itutinga – Mariana, com cerca de 211 km de comprimento, sendo 60 km no município de Ouro Preto. No distrito da Chapada, o projeto prevê a instalação de torres próximo ao vilarejo e à cachoeira do Castelinho.

Segundo o coordenador do projeto Domingos Zandonadi, foram desenvolvidos três alternativas de traçado, no entanto a própria empresa descartou duas e apresentou apenas uma opção aos moradores. “Consideramos todos os impactos ambientais dos três traçados e decidimos que aquele que passa pela Chapada é o que causará menos danos”, afirmou Domingos. No entanto, vários moradores colocaram em dúvida a seriedade das alternativas dos traçados descartados. A primeira opção passa por cima da cidade de Ouro Preto e a segunda atravessa o Parque Natural da Cachoeira das Andorinhas.

Para Paulão, morador do distrito, esses dois traçados são fictícios e foram apresentados somente para tentar justificar o projeto. “A empresa sabe que é impossível implantar torres de transmissão sobre o Parque da Cachoeira das Andorinhas e muito menos sobre a praça Tiradentes. Isso é um deboche”, ironizou Paulão.

Para o diretor da ONG Serra do Trovão, Sérgio Gadelha, o traçado defendido pela empresa desconsidera o fator humano. “A base da nossa economia é o ecoturismo e a implantação das torres próximo à cachoeira do Castelinho e ao vilarejo vai impactar de forma muito negativa o meio ambiente natural, o patrimônio arquitetônico e a vida dos moradores”. A presidente da Associação dos Moradores, Ana Conceição (Preta) lembrou da luta dos moradores contra as torres de Furnas ocorrida no passado e informou que hoje a comunidade está mais consciente e disposta a lutar pela preservação da Chapada. “Vamos defender com todas as nossas forças a preservação da Chapada”.

Presente na reunião, o vereador Chiquinho de Assis (PV) informou que encaminhará uma solicitação de audiência pública na Câmara Municipal para que o projeto seja debatido de forma mais ampla e com a participação do Ministério Público e outras entidades. Além disso, o vereador solicitou o estudo dos impactos ambientais dos traçados descartados.

Terrenos invadidos

Proprietários de terrenos denunciaram que trabalhadores das empresas entraram em seus quintais sem autorização para realizar levantamentos topográficos. O morador Sérgio Chará, que possui um camping na Chapada, denunciou a arbitrariedade dos funcionários. “Vai chegando e vai entrando.

Sem autorização, sem nada”. Outro morador de nome Waltinho, proprietário de um pesque-pague, alertou para a prática dissimulada da empresa na condução do projeto. “Sempre falam de uma forma genérica, que estão fazendo apenas um estudo, mas na verdade já estão colocando os piquetes de marcação das torres nos terrenos”, protestou.

Alternativa

O debate, que durou cerca de duas horas, terminou sem consenso, porém surgiu a proposta de implantar as torres no mesmo traçado de Furnas, ou seja, na Serra de Ouro Branco. Apesar de hoje a serra ser tombada como parque natural, a empresa se comprometeu a levar a discussão para os gestores do Parque.

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