Moradores de Cachoeira do Campo buscam parcerias na preservação de áreas verdes

Ouro Preto,
29 de Julho de 2015

Cidade histórica, com cenários barrocos mundialmente conhecidos, Patrimônio Mundial da Humanidade, Ouro Preto encanta turistas que passam pelo Centro da cidade. Mas o que muitos desconhecem é a realidades dos distritos. Descaso, abandono e desrespeito com a população são alguns pontos levantados pelos cidadãos.

Em Cachoeira do Campo, um dos maiores distritos da cidade, cerca de 600 moradores vêm sofrendo com a falta de estrutura. Ruas sem calçamentos e esgoto a céu aberto são os maiores problemas enfrentados pelos moradores dos bairros Dionísio e Metalúrgico, cenário bem diferente do Centro Histórico.

A grande preocupação dos moradores dessa localidade é o impacto ambiental pela falta de cuidado e preservação da Área de Preservação Permanente (APP). Com o objetivo de mobilizar a população e autoridades, um pequeno grupo de moradores criou em 2010 o Coletivo Construtores de Imagens (CCI). A equipe trabalha desde 2012 com a sensibilização e conscientização de algumas comunidades afetadas por problemas de infraestrutura. Atualmente o foco é a gravidade que atinge Cachoeira do Campo como um todo, com o despejo de esgoto in natura nas nascentes e córregos do distrito.

De acordo com a coordenadora geral e idealizadora do CCI, Liliana Lopes Ruiz, as áreas verdes do distrito, que fazem divisas com bairros Recanto dos Pássaros, Aldebaram, Pastinho, Metalúrgicos, Dionísio, Rua Turmalina e parte do comércio local, corre grande risco. “O esgoto pode atingir as nascentes, que está numa extensa franja que atravessa boa parte do distrito e que começa num lugar conhecido como tanque, lagoa do Dionísio e sítio do Chico”, pontua Liliana. “De nada adianta falar em cuidados com o meio ambiente, se não se respeitam as mínimas normas técnicas necessárias no processo de saneamento sanitário”, dispara.

Em mais uma tentativa de chamar a atenção das autoridades municipais, a coordenadora esteve reunida com o técnico agropecuário da prefeitura, Leonardo Duarte, na tarde da terça-feira (21), próximo ao local do escoamento de esgoto do bairro, na tentativa de sensibilizar para o restauro da APP. Na ocasião, Leonardo disse que não pode dar uma resposta imediata, e que passará à secretaria a gravidade do assunto para as devidas providências. O Coletivo busca o apoio da prefeitura, mas também de empresas privadas, e além de apontar os problemas, já apontam soluções técnicas e educacionais.

Além das obras de infraestrutura dos bairros, Liliana acredita que a solução só virá a médio e longo prazo, com a educação ambientação e conscientização da população, com cada um fazendo a sua parte. Por isso, o grupo quer implantar nas escolas um projeto de educação ambiental, que já está formulado, esperando apenas boa vontade de parceiros. “Este é um problema que diz respeito a absolutamente toda a população de Cachoeira do Campo e não só a uns poucos interessados. É preciso conscientizar a população que eles também são responsáveis em preservar seu patrimônio, o lugar onde vivem”, ressaltou Ruiz. “Em tempos de escassez de recursos naturais não renováveis a cidade Patrimônio da Humanidade não consegue olhar para o futuro e se esgota cristalizada num passado que não dialoga nem consegue dar resposta sequer ao seu caótico presente. Vamos agir, todos por uma Cachoeira do Campo melhor”, motiva a coordenadora.

Obras interditadas

Desde 2013, o Metalúrgico passa por obras de instalação dos canos da rede pluvial e de esgoto. A obra deveria ser concluída em um ano, mas devido a uma liminar do Ministério Público, teve que ser interrompida por irregularidades no processo licitatório da empresa responsável pela drenagem pluvial, saneamento básico e pavimentação.

Outro distrito que busca melhorias básicas é Antônio Pereira, que frequentemente tem a rodovia MG-129 interditada por moradores como forma de protesto e reivindicações.

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