Moradores do São Francisco temem escorregamentos de terra e mais tragédias

Ouro Preto,
22 de Maio de 2012

A cada chuva famílias de uma das áreas mais críticas de Ouro Preto ficam em alerta e entregues à própria sorte

Tendo em vista a intensidade de chuvas que pode agravar a instabilidade do solo e provocar desastres, moradores do bairro São Francisco de Paula se dizem aflitos com a situação de elevado risco do bairro, e reivindicam soluções urgentes. O bairro se localiza próximo à encosta que desabou sobre a rodoviária no dia 2 de janeiro deste ano, considerado um dos maiores acidentes geológicos de Ouro Preto. Naquela ocasião, por determinação da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, cerca de 40 famílias abandonaram às pressas suas residências por medida de prevenção e se transferiram para abrigos públicos e casas de parentes. Sem apoio e condições de estabelecer moradias em outros locais, eles retornaram com o fim das chuvas intensas, mas na esperança de proteger suas vidas e os imóveis, esses construídos à custa de muitos sacrifícios.

Entre os diversos pontos de deslizamentos provocados pelas últimas chuvas está uma encosta na altura do nº420 da Rua Vereador Miguel Alves Pereira. Corre-se o risco de ele desabar com maior gravidade sobre moradias da parte inferior, como conta a comerciante residente no local, Lucimar Raimunda. “Aguardo uma solução desde o início do ano; eu não durmo direito e acordo de madrugada com receio de alguma coisa acontecer, principalmente com meus filhos e netos; eles (autoridades, agentes municipais e técnicos) vieram aqui após o acidente da rodoviária e prometeram melhorias, mas se passaram mais de cinco messes e nada de significativo foi feito. Tememos também pelos numerosos idosos e crianças do bairro”, diz a moradora.

Segundo o vice-presidente da Associação Comunitária, Afonso Bretas, chegou-se a acertar algumas melhorias com a Prefeitura, como recuperação de calçamento e a desobstrução da rede de drenagem. Mas, segundo ele, “fora prometido um diagnóstico geral dos riscos e adoção de um plano de ação. Hoje, só nos resta a mobilização; queremos que o São Francisco tenha mais atenção do poder público, antes que seja tarde demais”, afirma o líder comunitário, que é também membro da Associação Pró-moradia de Ouro Preto. Já o morador Antônio Ferreira afirma que “fica de olho na movimentação do terreno, pois se a terra escorregar poderá atingir as casas em efeito cascata”. Outros cidadãos já pensam em construir ou ampliarem suas moradias na localidade, mas não sabem o procedimento a adotar.

Informações da reportagem do O LIBERAL confirmam que a área ainda carece de um diagnóstico mais consistente e geral por parte da Prefeitura, assim como de medidas de prevenção a serem adotadas antes da chegada das chuvas, período de maior vulnerabilidade e apreensão das famílias. Segundo o secretário de Obras e Serviços Urbanos, Paulo Moraes, a adoção de qualquer medida no São Francisco depende, primeiro, desse relatório geotécnico que, segundo ele, está em fase de conclusão. “Somente esse relatório apontará as propostas e intervenções para o bairro, uma vez que definirá se será viável a construção de murros de concreto, novo sistema de drenagem ou até mesmo a remoção dos moradores. Ele está sendo feito e em breve o teremos à disposição”. O secretário ainda afirma que “em atendimento à reivindicação da comunidade do bairro, a Prefeitura já realizou, em fevereiro a desobstrução da rede de drenagem de alguns trechos e a recuperação do calçamento que se encontrava irregular”.

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