Prefeitura de Ouro Preto surpreende bandas de música

Ouro Preto,
29 de Setembro de 2014

Surpresa foi o que causou a Prefeitura Municipal de Ouro Preto ao informar a dirigentes de banda de música, do município, que tem significativo projeto de ajuda a elas, a ser executado a partir de janeiro próximo. Pela primeira vez se ouve dizer que a administração municipal tem algo a oferecer, de concreto, às entidades que cumprem o papel de formar músicos no meio popular, abrilhantar solenidades e animar eventos da comunidade, preservar e divulgar a música brasileira. Consideradas a contrapartida popular das orquestras sinfônicas e filarmônicas, as bandas de música têm, no município de Ouro Preto, o seu polo nacional, por excelência, uma vez que aqui estão as mais antigas, em Minas Gerais, estendendo-se por um raio de cento e cinquenta quilômetros, a maior concentração delas em território nacional.

Entretanto essa importância das bandas de música, no contexto histórico-cultural do município de Ouro Preto, nunca foi considerada pelas autoridades municipais. Por isso, o estado de quase incredulidade dos representantes, que atenderam a convocação do superintendente de Patrimônio e Cultura, Wanderson José R. Gomes, para reunião à tarde do dia dezoito último. Dias antes, segundo o superintendente, teria havido o primeiro encontro, ao qual somente quatro bandas enviaram representantes; daí a chamada para outra reunião. No dia dezoito compareceram representantes da Banda Euterpe Cachoeirense, Sociedade Musical União Social, Sociedade Musical Senhor Bom Jesus das Flores e Corporação Musical Sagrados Corações de Jesus e de Maria.

O projeto

De acordo com exposição do Wanderson, o projeto de ajuda baseia-se no atendimento em três necessidades da banda: uniforme, instrumentos e manutenção de instrumentos. Na questão uniformes, a Prefeitura, por intermédio de sua secretaria de Patrimônio e Cultura, oferece 2 jogos de uniforme (calça, camisa, túnica/jaqueta, gravata e quepe) tendo como base o uniforme tradicional de banda. Entretanto, se a banda usa uniforme diferente do tradicional, ela está livre para decidir que uniforme quer e fornecer o modelo para confecção.

Em relação a instrumentos, o fornecimento está limitado a 3 (três) à escolha da própria banda, desde o tarol até o souzafone (tuba). Fornecedores desses instrumentos deverão dar garantia de, pelo menos um ano, evitando-se assim eventuais instrumentos com defeito de origem. Quanto à manutenção, será contratada uma empresa especializada em consertos e reparos de instrumentos musicais, para atendimento a todas as bandas cadastradas na Secretaria Municipal de Patrimônio e Cultura. São beneficiárias do projeto: Associação Musical Nossa Senhora da Conceição da Lapa/distrito de Antônio Pereira; Banda Euterpe Cachoeirense/distrito de Cachoeira do Campo; Corporação Musical Sagrados Corações de Jesus e de Maria/distrito de Miguel Burnier; Sociedade Musical Santa Cecília/distrito de Rodrigo Silva; Sociedade Musical Santarritense/ distrito de Santa Rita de Ouro Preto; Sociedade Musical Senhor Bom Jesus das Flores/Ouro Preto; Sociedade Musical Senhor Bom Jesus de Matosinhos/Ouro Preto; Sociedade Musical Treze de Junho/distrito de Santo Antônio do Salto; e Sociedade Musical União Social/distrito de Cachoeira do Campo. Lamentavelmente, fica de fora a Sociedade Musical São Gonçalo do Amarante/distrito de Amarantina que, embora já se apresente, publicamente, há algum tempo, ainda não tem sua existência legalizada, ou seja, ainda não tem personalidade jurídica. Os dirigentes das contempladas têm prazo, até 15 de outubro próximo, para apresentar a documentação exigida por lei, os modelos dos uniformes e instrumentos escolhidos.

Contraste com histórico negativo

Procurado pela reportagem do O LIBERAL, o integrante da Sociedade Musical União Social - SOMUS há quase 60 anos e seu atual presidente, Nylton Batista confirmou a surpresa de todos, declarando que o projeto é a primeira participação substancial da municipalidade na vida das bandas de música ouro-pretanas. Diz ele que uniformes, aquisição de instrumentos e sua manutenção são itens que pesam muito no orçamento das corporações musicais, razão pela qual os dirigentes acolhem o projeto com satisfação. Entretanto, sublinha o presidente da SOMUS que a administração municipal tem um histórico negativo na interação com as bandas de música, o que as leva a temer por mais uma frustração. No passado, muitos serviços contratados pela prefeitura não foram pagos e quanto a auxílio financeiro, não há muito tempo, as bandas foram convocadas para encontro musical na Praça Tiradentes, ocasião em que cheque de valor razoável seria entregue a cada uma delas. As bandas cumpriram sua parte, mas o representante da municipalidade nem mais falou do cheque prometido. A própria “União Social” teve projeto aprovado dentro da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, conseguiu adesão empresarial, e, às vésperas da execução do projeto, soube-se (a prefeitura não informou oficialmente) que o recurso não seria repassado devido a falha na Lei. A direção da banda teve que contrair empréstimo para cobrir as despesas previstas no projeto. Como velho militante desse setor cultural e diretor da SOMUS, Nylton Batista torce para que, desta vez, o prometido se cumpra, iniciando era de apoio da administração municipal ao trabalho das bandas. Para finalizar, Nylton Batista diz esperar que outros projetos venham valorizar o setor, e sugere que o próximo seja de amparo à formação de novos instrumentistas em cada banda.

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