Projeto cultural pode se tornar inviável por falta de diálogo com o executivo

Ouro Preto,
29 de Julho de 2016

Museu de Arte Contemporânea visa desenvolver o turismo e a cultura local

Com o objetivo de fomentar o turismo e a cultura local, o Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto (ia) não tem medido esforços para construir o Museu de Arte Contemporânea na cidade. Além de gerar emprego, o projeto irá revitalizar todo o entorno da antiga Fábrica de Tecidos, no bairro Padre Faria, local proposto para a construção do museu.

O grande impasse para a concepção do projeto é que há dez anos a prefeitura firmou um convênio com o Ministério do Turismo para transformar a antiga Fábrica no Centro Municipal de Eventos de Ouro Preto. Milhões de reais já foram investidos no empreendimento, que deveria ter sido entregue em 2011. Após algumas prorrogações e aditivos, a obra está longe de ser finalizada. O prazo final para entrega é até dezembro deste ano e caso não ocorra, todo investimento será perdido e o município ainda terá que devolver, em uma parcela única ao Ministério do Turismo, um valor aproximado de mais de R$ 5 milhões. “É notório que a obra não será finalizada. Como eles vão fazer em cinco meses o que não fizeram em 10 anos?”, questiona Bel Gurgel, presidente do ia e idealizadora do Museu de Arte Contemporânea de Ouro Preto.

Diante dessas dificuldades, desde 2013 o ia tem manifestado interesse em ampliar o projeto, que irá impulsionar um novo ambiente cultural e turístico, além de dar novos ares à comunidade e região. “Estamos pleiteando à prefeitura uma mudança no convênio, pois toda morosidade é prejudicial para a cena cultural da região e para a comunidade em si, privada de um novo polo de lazer e cultura, além da não geração de empregos e oportunidades. Quem perde com isso não é só a comunidade e a cidade, mas sim o Brasil, devido a grandiosidade dessa iniciativa”, retrata a presidente do ia.

Para que o museu seja concretizado, é preciso que o executivo de Ouro Preto mude o objetivo do contrato e conceda ao ia, por meio de um comodato de 50 anos, a gestão cultural da antiga Fábrica. “O nosso desejo é conseguir esse comodato, pois a antiga Fábrica, além da linha férrea, já possui uma logística adequada para abrigar o projeto. Já procuramos o Ministério do Turismo, que demonstrou grande aceitação, considerando o museu mais interessante do que um simples centro de eventos”, pontuou Gurgel. “Além disto, em visita ao Ministério da Cultura, este também apresentou seu apoio para a readequação do projeto, haja vista a possibilidade de otimizar a cidade como polo cultural com atrações de arte sacra, barroca e contemporânea, além de manter as atividades hoje já existentes no local, com atendimento à população do bairro”, completou. Bel pontua que há mais três anos tenta dialogar com o prefeito e seus assessorados, mas até o momento, nenhuma conversa foi possível. “Não existe diálogo, não atende telefone, nem e-mails, não dá retorno, nem ele nem a sua assessoria. Ninguém fala nada”.

Caso o contrato seja adaptado e concedido o comodato, os valores remanescentes, R$750 mil, serão repassados para a nova gestão. Mas a prefeitura abriu uma nova licitação para finalização da obra com este valor. “Foram concedidos pelo Ministério do Turismo um valor de R$2 milhões, e em contra partida o município teria que investir mais 1,5 milhões. Mas nenhuma prestação de contas foi realizada até o momento”, garante Bel Gurgel.

Ainda segundo Bel, o presidente da Companhia Itaunense, Antônio Saleiras, também já tentou diálogo com o executivo. O empresário tenta negociar com o executivo o terreno ou até mesmo troca, visto que tem vários terrenos na cidade. Antônio Saleiras já doou, inclusive, um terreno de 40 mil metros quadrados ao ia, que será para o estacionamento. O local fica do outro lado da rodovia, em frente à antiga Fábrica.

O projeto arquitetônico

Todo o projeto arquitetônico será construído via concurso público de âmbito nacional e internacional e terá como premissas valores ecológicos locais. “As construções serão feitas com os tijolos dos resíduos encontrados na região, como a lama de Mariana, para que sua estrutura contenha a história e as raízes do local onde nascerá; ele também aproveitará os recursos naturais locais como referências estéticas, colaborando, dessa maneira, com a reconstrução da identidade artística e arquitetônica regional”, explica Bel.

“Tudo muda muito rápido, é uma loucura o nosso tempo atual. Nós estamos propondo um contemporâneo que é lúdico, que constrói, que quer proteger o patrimônio e a riqueza local”, ressalta a vice-presidente do ia, Vera Café.

Petição

Para pressionar o poder público e garantir que a comunidade, população e turistas tenham um novo espaço cultural, o ia pede o apoio de todos. Uma petição online está disponível no link para quem quiser ajudar: facebook.com/fabricadetecidos.

O ia

O Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto (ia) é uma associação civil sem fins lucrativos financiada por donativos públicos e privados que tem como objetivo o compromisso social por meio da arte. Acredita que o encontro pessoal com a arte, seja ela erudita ou popular, tem um impacto positivo na vida das pessoas. É por isso que o focará em residências artísticas, cinema e música, oficinas e exposições, e apresentará projetos elaborados tanto por artistas residentes como por artistas já consagrados nacional e internacionalmente, e que serão especialmente voltados para a comunidade local.

A prefeitura

A reportagem do jornal O LIBERAL tentou por diversas vezes contato com a prefeitura de Ouro Preto, mas até o fechamento desta edição nenhuma resposta foi enviada.

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