Projeto de R$ 16 milhões para Vila do Carmo é aprovado

Mariana,
26 de Agosto de 2012

Na sessão extraordinária do dia de 10 de Agosto, convocada para que fossem votados alguns projetos em caráter de urgência pelo Executivo, aprovou-se uma das importantes leis que dá continuidade ao apanhado de obras relacionadas ao túnel bala. O PL 081/2012 concede à Prefeitura de Mariana autorização para utilizar o valor de R$ 16.318.000,00 nas obras dos morros que começam no final do Catete e seguem com a Avenida Nossa Senhora do Carmo até o posto da Shell, na calçada do mesmo.

Como consta no projeto, o direcionamento do investimento se dará mediante emprego de cinco milhões de reais em “contenções e drenagens”. “Pavimentações e serviços complementares em vias e acessos” terão valor aproximado de R$ 8.9 milhões. Além disso, custos com “manutenção das Atividades da Secretaria de Obras” e com “Outros Serviços de Terceiros e Pessoa Jurídica” adicionam outros R$ 2.4 milhões.

Um apanhado do problema

De acordo com o técnico em mineração, que há 28 anos trabalha na Vale, José Bosco, que é dono do local onde se estabelece a Loja do Lar, na Avenida Nossa Senhora do Carmo, os morros que se encontram atrás desse estabelecimento, assim como dos demais que estão nessa via, chamam-se taludes, que estariam descaracterizados em função da ação do tempo (intemperismo).

Basicamente, um talude se faz por meio de raspagem de encostas, por meio de máquinas pesadas, o que inclui tratores, até que encontre um tipo de “material bom” para que seja estabelecida uma encosta. Raspa-se a terra até esse material, deixando-o com uma curvatura de 45º em relação ao solo. Isso seria um talude. Mas não para por aí. No caso dos morros, teriam que ser vários.

Basicamente seria um intervalo de cima pra baixo que funcionaria da seguinte maneira: um talude e uma berma sucessivamente, até chegar ao nível da avenida. O técnico fez uma previsão de três de cada. A terra raspada e inclinada é o talude. Abaixo fica a berma, que é um caminho horizontal, para que a água vinda de cima, do talude, seja conduzida até escadas de concreto, de onde é direcionada, por fim, para um escoamento em algum ribeirão ou rio.

No caso específico dos morros da Nossa Senhora do Carmo, o que agrava a situação é que o material que toma as superfícies da terra já não é mais o solo, que é a camada orgânica, mas sim “material podre”, cujo nome técnico é filito. O que acontece com esse tipo de componente é que ele já sofreu anos com a oscilação de temperatura e com as chuvas, o que o torna fácil de ser carregado pelas águas, em direção às casas. Não bastando isso, existem vários tipos de filito, mas os que se encontram nessa encosta seriam “os piores”, pela facilidade com que se desprendem do morro: talcoso (cor branca) e grafitoso (cor grafite).

Assim, quando chove, não havendo vegetação nem camada orgânica para proteger a encosta, a ação pluvial é intensa. As chuvas formam vários sulcos, que tendem a procurar sempre um ponto de equilíbrio para a evasão das águas, formando as ravinas, grandes crateras. Dessa maneira, quanto antes o Executivo começasse as obras no local, melhor seria, evitando as águas do verão.

José Bosco conta que, enquanto proprietário de um imóvel no local, já teve prejuízos. Em 2009, devido a deslizamentos na avenida que atingiram a sua propriedade, o barro invadiu a parte de trás da atual Loja do Lar. Teve que fazer um processo de escoamento da sujeira para a Nossa Senhora do Carmo. Por causa de chuvas, perdeu dois muros. O último construído, que está de pé, com 4 metros de altura por quatro de profundidade custou na ordem de cem mil reais.

Questões políticas

Primeiramente, José Bosco agradece à Prefeitura e a Câmara em nome de toda comunidade da Vila do Carmo, pelo “empenho na aprovação do projeto, em prol da coletividade”. De acordo com ele as primeiras negociações se deram “no segundo semestre de 2007”, havendo as primeiras reuniões com o prefeito em gestão, contratando a Fundação Gorceix como mediadora do processo entre o município e a Ufop. Assim, contratou-se o professor Romero César Gomes, professor do Curso de Engenharia Civil.

As discussões tiveram continuidade, quando, de acordo com Bosco, no dia oito de setembro de 2009, o então secretário de Meio Ambiente deu entrada no Instituto Estadual de Florestas (IEF), “pedindo a liberação ambiental e recuperação da ravina que assoreava o Ribeirão do Carmo na Prainha”. O prefeito de 2008 não terminou as obras, deixando para seu sucessor. Mas com as sabidas instabilidades no Executivo, as coisas pararam. Até esse ano.

Agora, no começo de 2012, de acordo com Bosco, começaram as reuniões com o prefeito atual, com a solicitação da comunidade da Vila do Carmo. A partir disso, “fizeram-se as adequações necessárias e envio para Câmara”, sendo aprovado. Juntamente com toda comunidade, o técnico em mineração confia na agilidade do executivo: “agora contamos com a execução das obras para agilizar o processo da obra antes das chuvas”.

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